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O futuro está em jogo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h02 - Publicado em 31 mar 1998, 22h00

Claudio Angelo

A ambientalista Anne Platt traz uma boa e uma má notícia para você. A má: a degradação dos oceanos atingiu um ponto alarmante. A boa: a situação vai melhorar nos próximos 30 anos. Mas será que o mar agüenta até lá?

O trabalho dela é estudar os ecossistemas marítimos – e alertar a opinião pública para a ação destrutiva do homem sobre os oceanos. A norte-americana Anne Platt, de 28 anos, é a porta-voz para os assuntos dos oceanos do Worldwatch Institute, organização não-governamental que monitora o meio-ambiente no mundo inteiro. Ela falou à SUPER em Providence, na costa leste dos Estados Unidos.

SUPER: As Nações Unidas escolheram 1998 como o Ano Internacional dos Oceanos. Por que o mar está despertando tanto interesse?

Isso tem muito a ver com a atuação das organizações de defesa do meio-ambiente. Os ambientalistas estão sentindo que já deram bastante atenção ao problema do desmatamento das florestas tropicais. O foco agora está se voltando para o mar. O tema dos oceanos se tornou prioritário para quem defende a natureza, pois ele está ligado a todas as demais questões ambientais.

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SUPER: Qual é a situação da fauna marinha diante do aumento da pesca predatória?

Segundo a Fundação das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), onze das 15 maiores áreas pesqueiras do planeta estão em declínio ou demandando medidas urgentes de proteção. Muitas espécies estão em seu último suspiro, como o bacalhau do Atlântico. A pesca do atum de barbatana azul caiu 80% entre 1970 e 1993. Ele quase já não é mais encontrado. A produção da indústria pesqueira mundial cresceu de 20 milhões de toneladas, em 1950, para 86 milhões em 1989, mas a participação das espécies mais valorizadas nesse total está diminuindo. Isso se reflete também no tamanho dos peixes que abastecem o mercado. Os consumidores estão, essencialmente, comendo os filhotes.

SUPER: Qual é a maior ameaça aos oceanos hoje?

Infelizmente, há tantas ameaças que não é possível apontar uma principal. Pressões extrativistas, como a pesca e a mineração submarina, e a degradação e destruição de habitats são as mais graves. Mas a poluição do ar, o despejo de detritos e as mudanças climáticas também afetam seriamente a saúde dos oceanos. O aumento da população mundial me preocupa muito. Afinal, dois terços das maiores cidades do mundo estão situadas a 100 quilômetros da costa: Caracas, Seul, Bangcoc, Jacarta, Lagos, São Paulo. Nos próximos 30 anos, mais de 6,3 bilhões de pessoas estarão vivendo nessas áreas, reforçando a “costura” entre terra e mar.

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SUPER: É possível imaginar o que acontecerá com os oceanos nos próximos 30 anos?

Acredito que haverá mudanças positivas nas esferas regional e local. Aumentarão as medidas de proteção das zonas costeiras. Os governos adotarão um planejamento integrado do uso da terra e da água. Áreas de proteção marinha vão se tornar mais comuns. O turismo se tornará menos predatório. As autoridades e as empresas atuarão em conjunto com as comunidades locais para proteger os recursos que atraem turistas para o litoral. As chamadas “fazendas aquáticas” deverão se difundir mais ainda, só que em tanques cavados em terra firme, não mais em manguezais ou estuários, onde elas causam danos enormes ao meio-ambiente.

SUPER: Temos, então, motivos para otimismo?

O problema é que a situação vai piorar antes de melhorar. Será difícil, por exemplo, convencer as empresas a parar de jogar poluentes no mar. Uma mudança de atitude levará pelo menos uma geração.

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SUPER: Alguns ambientalistas acham que a melhor saída é deixar os oceanos em paz. Existe um meio-termo entre a preservação total e a exploração desenfreada que vem sendo feita hoje em dia?

Sinceramente, eu não acredito que exista uma maneira de deixar os oceanos em paz. Primeiro, porque é tarde demais para isso. Nossas sociedades são dependentes demais do mar e de seus bens e serviços para ignorar esse recurso vital. Mesmo se nós quiséssemos, seria tarde demais. Não podemos viver sem os oceanos. Nossa meta para o futuro deve ser o uso sustentável do mar, garantindo a sobrevivência dos seus ecossistemas, e não o desuso. É verdade que o padrão de consumo da nossa sociedade está longe de ser sustentável. Mas a solução para isso não é banir o uso dos recursos marinhos e sim utilizá-los racionalmente.

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Para Anne Platt, o foco das atenções dos ambientalistas está se deslocando das florestas para o mar

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