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“O homem não é mais do que a série dos seus atos”, Hegel

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 jun 2018, 15h29 - Publicado em 29 out 2015, 13h12

“O homem não é mais do que a série dos seus atos”, Hegel

Não foram poucos os que tropeçaram nas palavras de Georg Hegel, tentando decifrar o real sentido por trás de seus termos difíceis, sua linguagem abstrata e seu gosto por neologismos. Quando se recuperavam, seus leitores se dividiam em dois grupos: alguns consideravam as ideias geniais, outros não tinham dúvida de que ele escondia com a linguagem rebuscada sua incapacidade de compreender o que analisava. Mas nenhum filósofo vindo após o século 19 ficou imune a Hegel, nem que fosse para criticá-lo.

Desde cedo, ele foi um leitor contumaz. Às vésperas de completar 19 anos, ficou impressionado pelos ventos da Revolução Francesa, que saudou como um “glorioso amanhecer”. Eram tempos em que mudar a ordem estabelecida parecia mais possível do que nunca, e esse sentimento acompanharia o alemão na tentativa de explicar a história. Para Hegel, a realidade é um processo histórico, mutável, com as ideias estabelecidas de acordo com o período em que vivemos. Embora nosso costume seja ver a história como uma sequência sem planejamento coerente, Hegel argumenta que existe um padrão para a forma como ela se desenvolve. O filósofo diz que a história caminha para uma conquista gradual de mais razão e liberdade, até a ascensão de um geist — termo que costuma ser traduzido como “espírito” ou “mente”.

Como um idealista, o pensador tinha o geist como algo fundamental para o mundo, contrariando os materialistas, para quem esse posto era da matéria física. Uma das formas de se chegar a esse estágio de pensamento mais evoluído seria pela discussão de uma ideia com o seu oposto: nos termos de Hegel, pela discussão de uma tese com sua antítese. Isso se daria com o método dialético proposto pelo filósofo, que faria surgir uma terceira ideia mais elaborada, formada pelas duas anteriores — a síntese.

Tal processo seria contínuo: a síntese viraria ela mesma uma nova tese, voltando a ser discutida com uma antítese, e formando um novo tipo de pensamento, e assim sucessivamente. Isso seguiria ocorrendo ao longo da história até que o geist alcançasse um pleno entendimento de si mesmo.Tantas abstrações fizeram o pensador colecionar críticos em todas as épocas. Mas os admiradores também foram muitos. Um de seus maiores legados, a visão da realidade como um processo histórico em desenvolvimento, ajudaria a fundamentar, pouco tempo após sua morte, o que viria a ser o pensamento marxista.

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