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O verde que voa alto

No Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, localizado numa área de Mata Atlântica, a Infraero e a Embrapa recuperam a vegetação com soluções baratas e eficientes.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00

Bruno Leuzinger, do Rio de Janeiro, RJ

A crise da aviação civil e o medo da Linha Vermelha, constantemente fechada por traficantes, fizeram o movimento no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro voltar ao nível de 20 anos atrás. Porém, se os saguões do Tom Jobim (antigo Galeão) andam vazios, a região do entorno do aeroporto já não sofre com abandono. Uma parceria da Infraero com a Embrapa vem tendo sucesso em conter a erosão do solo e recuperar a vegetação de Mata Atlântica do local. E o melhor: usando resíduos antes descartados, uma alternativa barata e eficiente.

O projeto começou em 2000. “Na época, a situação era precária”, diz Tânia Caldas, coordenadora de Meio Ambiente do Galeão. Como em toda obra de grande porte, o uso de material terroso na construção deixou o subsolo exposto. O comprometimento dos recursos hídricos e a erosão provocada pelas chuvas tornaram a vegetação escassa e levaram à formação de voçorocas, grandes crateras que podem chegar a dezenas de metros de profundidade. Assinado o contrato com a Embrapa, a idéia era intervir o mínimo na natureza e aproveitar ao máximo os resíduos.

Em vez de soluções tradicionais da engenharia, os técnicos optaram por terraços e bacias de captação de água, além de uma escada dissipadora de energia feita com restos de entulho para reduzir a força da enxurrada. Pneus velhos, toras de bambu e ripas de madeira funcionam como barreiras de contenção e a apara de grama ajuda a reter água para as plantas. Tratado, o lodo de esgoto revelou-se um excelente adubador. A Jazida do Itacolomi, local em que será erguido o terminal 3, transformou-se em campo de teste, onde técnicos fazem experiências para determinar a dose certa de lodo.

Foram plantadas 45 mil mudas, das quais 80% são de leguminosas, plantas rústicas que se adaptam mais facilmente às condições pobres do solo. O objetivo é que elas abram caminho para espécies mais frágeis. A Embrapa deu o toque de tecnologia, inoculando as mudas com microorganismos – uma bactéria fixadora de nitrogênio e fungos que criam uma “teia” que permite maior absorção de nutrientes, principalmente o fósforo. “Estamos apenas imitando a natureza, ao utilizar um conhecimento que é fruto de 15 anos de pesquisa”, diz o agrônomo Aluisio Granato, coordenador do projeto pela Embrapa.

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Os resultados são evidentes. A erosão foi controlada e o verde voltou a dominar a paisagem. O projeto inclui visitas de alunos de escolas públicas da Ilha do Governador. E o Tom Jobim foi só o começo. Infraero e Embrapa estenderam a parceria a outros 18 aeroportos, cobrindo diversos biomas. Membros da Organização de Aviação Civil Internacional e do Conselho Internacional de Aeroportos gostaram do que viram. “É um trabalho pioneiro”, diz Tânia. “Não existe nada igual no mundo.” Prova de que, em matéria de ecologia, o Galeão voa bem mais alto.

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