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Pantanal, na corda bamba

A paisagem do Pantanal é tão frágil quanto fundamental para a biodiversidade brasileira: é preciso muito cuidado ao lidar com ele.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 30 nov 2001, 22h00

Sônia Xavier

O equilíbrio ecológico do Pantanal é tão delicado que a simples construção de uma estrada, se não for muito bem planejada, pode destruir centenas de quilômetros quadrados de natureza selvagem. Isso mesmo. Na terra onde os bichos se mostram sem medo aos visitantes e as águas dos rios se expandem e se retraem todos os anos ao ritmo das chuvas, o meio ambiente está sempre em perigo. Por isso, é fundamental o Brasil discutir muito bem todos os projetos que estão sendo propostos para desenvolver a região. Um erro agora poderá privar as gerações futuras de conhecer um ecossistema único no planeta.

O Pantanal é a maior planície alagável da Terra, com cerca de 200 000 quilômetros de extensão – dos quais 80% no Brasil. Sua importância ecológica pode ser justificada de várias maneiras, mas a mais fácil de entender é saber que ali está a maior diversidade de aves do mundo. São 650 espécies que vão do tuiuiú, escolhido como símbolo da região, à ameaçada arara-azul. Além disso, são 80 tipos diferentes de mamíferos, 260 espécies de peixes e 50 de répteis, que incluem uma impressionante população de 32 milhões de jacarés. As espécies de insetos e outros bichos pequenos contam-se aos milhares, mas esse inventário ainda é provisório. Na medida em que as pesquisas avançam na região, mais e mais espécies são descobertas, demonstrando que a teia de vida ali é intrincadíssima.

A razão para tanta diversidade está no inusitado arranjo de serras, planícies e rios que permitiram sua formação. A planície pantaneira formou-se há 60 milhões de anos, quando a Cordilheira dos Andes e o Planalto Brasileiro se elevaram, deixando uma vasta depressão entre eles. Por ali corre o rio Paraguai, que recebe a enorme quantidade de água que desce dos dois lados. O resultado é que, no período das chuvas, o Paraguai e seus afluentes inundam milhares de quilômetros quadrados. Uma inundação tão grande que atinge o sul da floresta amazônica, boa parte do Cerrado, trechos dos campos sulinos e até a parte mais interior da Mata Atlântica. Ou seja, o Pantanal é o hábitat que interliga os grandes ecossistemas brasileiros.

Por muito tempo o Pantanal foi desdenhado pelos brasileiros. As enchentes constantes eram um obstáculo para a criação de cidades e para a agricultura em larga escala. A região só atraiu criadores de gado bovino, interessados nas pastagens baratas e sem cercas. Daí as famosas comitivas de gado, que ainda hoje atravessam o Pantanal das áreas alagáveis para as secas, quando a chuva tem início, e no sentido inverso, quando as águas começam a baixar. A fartura dos peixes atraiu pescadores que agiram de forma descontrolada e predatória. Caçadores, contrabandistas de peles de crocodilo e de pássaros raros ameaçaram várias espécies da região. Por fim, as populações indígenas, desprotegidas, foram expulsas de suas terras ou exterminadas por doenças.

Felizmente, a situação do Pantanal hoje está bem melhor. Boa parte da região está protegida por parques e reservas. No entanto, muitos dos problemas herdados do passado continuam a ameaçar a região. E outros, modernos, somaram-se a eles, como a idéia de transformar o Pantanal numa longa avenida aquática para o escoamento da produção de Mato Grosso e Goiás. Por isso, os ecologistas correm contra o tempo para mostrar que, de um lado, é possível fazer com que o Pantanal gere riquezas mantendo-se conservado; e, de outro, provar que a riqueza natural da região vale mais que qualquer idéia que implique na sua destruição.

 

Antigas vocações

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Durante muito tempo, a agricultura, feita nas áreas não-alagáveis, e principalmente a pecuária moveram a economia da região. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o rebanho bovino no Pantanal é de 3 milhões de cabeças. A pecuária demonstrou ser uma atividade harmônica com o ecossistema, simplesmente pelo fato de ela existir há tanto tempo e de ter causado pouca devastação – a não ser no caso das onças-pintadas, caçadas porque atacam o rebanho e que quase desapareceram. Hoje, há vários estudos tentando estabelecer o real impacto da pecuária no ritmo de vida das espécies selvagens.

Uma coisa, porém, já é certa: essas atividades podem ser desenvolvidas de forma sustentável porque dependem de áreas preservadas e do próprio fluxo das águas. O Fundo Mundial para a Natureza, o WWF, mantém um projeto para melhorar a qualidade técnica dessas atividades e fixar o peão no campo. São as Escolas Pantaneiras. A primeira turma já está formada e outros fazendeiros querem levar a escola até suas propriedades. As aulas tratam de temas práticos como lida com o gado, artesanato em couro e mecânica de tratores, mas o currículo também inclui lições sobre meio ambiente e as vantagens de conservar a natureza. Para compensar perdas econômicas com a proteção na natureza, os proprietários e os peões aprendem a complementar sua renda com o turismo

 

Zoológico aberto

E o turismo realmente descobriu o Pantanal. Para esse ano espera-se cerca de 1 milhão de visitantes, um número 60% superior ao de 1998. A maioria deles ainda são pescadores, mas cresce cada vez mais o número de ecoturistas querendo conhecer os bichos e as paisagens, muitos vindos do exterior. De olho nesse novo mercado, algumas fazendas se adaptaram para acolher visitantes. O aumento do turismo preocupa os ambientalistas, que temem que o Pantanal não consiga se estruturar para recebê-los com a necessária rapidez. “Precisamos ajudar os fazendeiros da região a implantar um ecoturismo planejado”, afirma Bernadete Lange, coordenadora do projeto Pantanal para Sempre, também do WWF.

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O projeto quer desenvolver o turismo ao longo da Estrada do Parque, uma rodovia inaugurada há poucos anos que começa em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e atravessa boa parte do Parque. Tem 116 quilômetros de extensão e muitos hotéis e pousadas nas suas margens. Os ecologistas reuniram moradores, órgãos do governo estadual, Polícia Florestal e donos das fazendas para que todos falem a mesma língua: a do turismo ecológico. Como resultado, as fazendas estão abrindo trilhas seguras e bem sinalizadas para que os visitantes possam observar de perto os animais, sem atrapalhá-los. No trecho final da estrada, conhecido como Passo do Lontra, antigos barcos de pesca predatória estão sendo transformados em barcos de passeio para observação de jacarés, pássaros, capivaras e até onças.

Para mostrar que é possível ganhar dinheiro conservando, algumas organizações compraram fazendas e as transformaram em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Esse artifício legal, previsto na Constituição, permite que propriedades privadas sejam convertidas em áreas de preservação permanente. A Conservation International do Brasil comprou a Fazenda Rio Negro, em Aquidauana, e parte dela foi transformada em reserva ecológica. Em Porto Cercado, no Mato Grosso, o Serviço Social do Comércio (SESC), por sua vez, investiu 30 milhões de reais na construção de um hotel dentro de uma RPPN. Outras três foram adquiridas pela Fundação Ecotrópica: Penha, Acurizal e Dorochê, que fazem limite com o Parque Nacional do Pantanal, o que aumentou a área de preservação.

 

A maldição da beleza

A beleza dos animais do Pantanal atrai turistas, mas também traficantes. A arara-azul, por exemplo, já foi caçada durante tanto tempo que corre o risco de extinção. De bela plumagem azul-cobalto, essa arara é o maior pássaro Psittacidae do mundo e vive nos buritizais, matas ciliares e cerrado adjacente ao Pantanal. Mas a arara-azul também é uma amostra de como o problema do tráfico de animais pode ser combatido: com pesquisa, conscientização das populações locais e, claro, fiscalização. A pesquisa acontece graças a uma parceria entre a Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal, a Fundação Manoel de Barros e a Estância Caiman, uma das primeiras fazendas pantaneiras a adotar o turismo ecológico e sede do projeto.

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O projeto vai monitorar todo o ciclo de vida da arara-azul, a começar do ninho. Num deles foi instalada uma microcâmera que permite acompanhar tudo o que acontece lá dentro. A conscientização dos fazendeiros garante o sucesso da iniciativa. Outras 20 fazendas espalhadas nas regiões da Nhecolândia, Abobral e Nabileque aderiram ao programa. Juntas, elas protegem mais de 230 ninhos naturais e outros 120 construídos artificialmente pelos biólogos. Os próprios proprietários e funcionários das fazendas tornaram-se agentes em defesa da arara-azul. Eles observam os ninhos e anotam todas as modificações percebidas. Mas, principalmente, agem como uma brigada contra o tráfico de animais, ajudando a fiscalização da Polícia Florestal.

 

O fantasma da hidrovia

A hidrovia Paraguai-Paraná é o maior perigo que ronda o Pantanal. Embora o atual governo tenha anunciado que desistiu do projeto, os ecologistas temem que ele possa ser retirado da gaveta a qualquer momento. A proposta da hidrovia é ligar os 3 442 quilômetros que separam Cáceres, no Mato Grosso, a Nueva Palmira, no Uruguai. Isso permitiria que boa parte da produção de grãos, principalmente soja, fosse escoado até o Oceano Atlântico a um custo muito baixo. O argumento de que isso retiraria milhares de caminhões das estradas, produzindo um ganho ecológico, além de ajudar no desenvolvimento da região central do Brasil, seduziu muita gente. Mas a verdade é que o custo disso poderia ser o fim do Pantanal.

Para entender a extensão da tragédia, é preciso compreender que o rio Paraguai, por ser o principal da região, acaba controlando a dimensão da planície alagada na época das cheias. Para que a hidrovia funcione, o leito do rio teria que ser escavado de forma a aumentar sua vazão – ou seja, as águas correriam mais rapidamente rumo ao Atlântico. Hoje, a declividade do Paraguai não atinge 3 centímetros por quilômetro e, por isso, as águas correm muito lentas. Mas é exatamente essa dificuldade de escoamento que provoca as inundações. As águas que chegam não conseguem escoar e alagam tudo. Escavar o rio Paraguai é como dar um golpe mortal no coração que faz o Pantanal pulsar.

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Como alternativa à hidrovia Paraguai- Paraná, os pesquisadores da Fundação Ecotrópica propõem o escoamento de toda a produção de grãos por meio das hidrovias Madeira-Amazonas e Tocantins-Araguaia, que já estão sendo construídas, e que levariam a carga até o porto de Belém, no Pará. Além de não interferir na natureza do Pantanal, os grãos desaguariam no Atlântico bem mais próximos do mercado europeu e, conseqüentemente, a um custo mais baixo.

 

O bom pescador

A pesca predatória é outra ameaça aos rios do Pantanal. Suas águas abrigam a maior quantidade de peixes de água doce do país, que têm um importante papel na alimentação dos nativos. Além disso, a pesca ainda é o maior atrativo para o turismo e dá emprego para muita gente. Proibi-la completamente, sem criar alternativas, seria um erro. O desafio, então, é promover a pesca sustentada, que respeita a capacidade de cada rio e espécie de peixe. Mas isso não é fácil. Um plano de manejo exige muito tempo, pesquisa e, sobretudo, conscientização por parte dos pescadores. Não dá para colocar um fiscal em cada barco.

Hoje, o controle da pesca é feito por meio de licença e cotas. No Mato Grosso, um pescador pode levar até 30 quilos, enquanto no Mato Grosso do Sul o limite é de 25 quilos, mais um exemplar. Peixes como o pacu, o pintado, a cachorra, o dourado, o jaú, o piavuçu, a piranha, o barbado, o curimbatá e a piraputanga correspondem a 80% dos exemplares pescados. Ou seja, essas espécies podem estar com seus estoques comprometidos, embora haja poucos estudos sobre o verdadeiro impacto da atividade na natureza.

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Para preencher essa lacuna, pesquisadores da Embrapa e o WWF estão coletando dados para adequar a pesca à realidade local e, principalmente, promovendo o ecoturismo como alternativa. A idéia é implantar um plano de manejo para a pesca, que sirva de ponto de partida para a regulamentação da atividade. Em pontos onde a quantidade de peixes diminuiu sensivelmente nos últimos anos, ou nas áreas de reserva e parques, a pesca foi simplesmente proibida. Uma boa iniciativa partiu dos fazendeiros da região do rio Negro, que aderiram à filosofia do “pesque e solte”. O gosto pela pesca é mantido, assim como os peixes nos rios.

 

Corredor ecológico

Um dos projetos de conservação mais arrojados da região entre o Pantanal e o Cerrado foi proposto pela Conservation International do Brasil.

A entidade quer criar uma faixa de proteção ligando o Cerrado ao Pantanal. A idéia é interligar as reservas legais, que cada propriedade é obrigada a preservar, para formar um corredor por onde as espécies possam circular sem ameaças. “Não adianta termos ilhas de preservação separadas entre si porque isso impede a troca genética entre os indivíduos. Com o tempo,

começam a aparecer problemas de consangüinidade”, afirma Paulo Gustavo do Prado Pereira, diretor da Conservation.

O corredor ecológico seguiria os cursos dos rios, que naturalmente nascem no Cerrado e deságuam no rio Paraguai. Seria uma espécie de caminho natural servindo para cruzamento genético e polinização das espécies de plantas e animais. Se o projeto for implantado, o corredor ecológico teria mais de 900 000 hectares, estendendo-se por 18 municípios do Mato Grosso do Sul, 28 do Mato Grosso e quatro de Goiás. A idéia é simples e criativa, não prejudica ninguém e, o que é mais importante, garante a sobrevivência de dezenas de espécies.

 

Isso Está Dando Certo

Em busca do boi orgânico

A pecuária sem hormônios do Pantanal produz carne de ótima qualidade

Parece estranho, mas logo você vai poder ir ao supermercado comprar carne orgânica. Assim foi batizada a carne bovina produzida com método ecológico. O projeto foi desenvolvido em parceria entre os pecuaristas do Pantanal, a Embrapa, a Universidade de São Paulo (USP), o Banco do Brasil e a organização ecológica Conservation International. A idéia é aproveitar as condições favoráveis do Pantanal para produzir uma carne de ótima qualidade, sem a aplicação de hormônios nem a utilização de agrotóxicos na pastagem.

Quem provou, garante: além de saudável, a carne orgânica é mais macia e saborosa. A idéia é vendê-la com um selo de garantia a grandes centros consumidores brasileiros, como o Sudeste, mas principalmente exportá-la para a Europa, onde a procura por produtos orgânicos é muito grande. Uma pesquisa entre consumidores paulistas, por exemplo, revelou que 75% estão dispostos a pagar mais para terem carne orgânica em seus pratos. O primeiro abate aconteceu em agosto de 2001 e foi um sucesso: as primeiras 120 cabeças de boi orgânico foram exportadas para o Mercado Comum Europeu.

Seis fazendas pantaneiras buscam o selo do Instituto Biodinâmico. Juntas, poderão produzir até 7 000 cabeças por ano. Todas as fazendas são Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) situadas nas regiões do rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás, Mato Grosso do Sul. “Para conseguir o selo, os proprietários têm que provar que não estão destruindo a natureza. Ficam proibidas as queimadas nas pastagens, bem como a utilização de fertilizantes e agrotóxicos. Além disso, a fazenda precisa manter uma reserva de mata virgem intacta”, explica Mônica Harris, coordenadora do projeto. Também existe uma preocupação social: fazendas que fazem parte do programa têm de manter funcionários registrados e crianças indo à escola. Cerrado

Sob fogo cerrado

As queimadas estão destruindo a rica vegetação do Planalto brasileiro

O Cerrado é a vegetação típica do Planalto Central brasileiro. Do ponto de vista do relevo, o Planalto é uma espécie de tablado que se eleva a altitudes entre 800 e 1 200 metros acima do nível do mar. Por ser plano, é ideal para a agricultura mecanizada e para a pecuária extensiva. Nos últimos 30 anos, grandes áreas de Cerrado foram queimadas para dar lugar a plantações de grãos e para a formação de pastagens. Como a região tem uma estação de seca muito longa, que atinge o ponto máximo em agosto, basta uma fagulha para que imensas áreas de floresta se transformem em cinzas em questão de horas. O resultado é que resta, hoje, apenas 20% da sua cobertura original.

O contínuo desaparecimento do Cerrado coloca em risco outros ecossistemas. Isso porque boa parte dos rios brasileiros nasce nas áreas mais elevadas do Planalto Central e, depois, segue para as bacias do Prata, do São Francisco e da Amazônia. Ou seja, tudo o que acontece no Cerrado influi, mais cedo ou mais tarde, no resto do país. O desaparecimento das matas junto às nascentes diminui a vazão dos rios, provocando escassez de água. Outro efeito do desmatamento é o assoreamento – redução da profundidade do leito – dos rios, um problema já sentido gravemente no Pantanal. Além disso, a aplicação de fertilizantes e pesticidas está poluindo as águas que depois vão irrigar áreas naturais importantes ou servirão de consumo para as populações urbanas.

Como é inviável pensar na recuperação do Cerrado destruído e ocupado, os ecologistas concentram seus esforços para conservar o que sobrou, principalmente nos Estados de Tocantins e Goiás. Em Goiás, por exemplo, a Fundação Emas treina voluntários para formarem brigadas de combate ao fogo. Além disso, informam os grandes pecuaristas sobre a melhor época e a maneira correta de fazer queimadas para renovar as pastagens. Na outra ponta, os pequenos proprietários que costumam desmatar o Cerrado para fazer roçado de subsistência são incentivados a trocar a queimada por um aproveitamento inteligente dos recursos oferecidos pela mata preservada.

O Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), por exemplo, criou o Programa de Pequenos Projetos (PPP), para ajudar associações comunitárias a se desenvolver em harmonia com o Cerrado. Já foram implantados 68 projetos. Muitas frutas do Cerrado viram doces, geléias, picles, conservas, mel, licores e remédios naturais. Delícias surgem, como o pão de jatobá, o sorvete de pequi, o suco de tamarindo e a geléia de cagaita (uma fruta pequena e um tanto azeda). Outro projeto vencedor é o Movimento Popular de Saúde, uma associação feminina da cidade de Rio Verde, em Goiás. São 19 mulheres que coletam ervas, cascas de árvores e sementes do Cerrado para fabricação de remédios fitoterápicos. Enquanto fazem o extrativismo, as mulheres cuidam do reflorestamento das regiões devastadas, sob a orientação da Fundação de Ensino Superior de Rio Verde. “Temos um viveiro com mais de 1 000 mudas para replantar numa área de 20 alqueires”, declara Cláudia Cristina Monteiro, que faz parte do Movimento.

Bacia das águas

O Pantanal depende das inundações para sua sobrevivência. Por isso, projetos como a Hidrovia do Paraguai, que mudaria o ciclo de cheias do rio, significam um grande risco. A região tem um enorme potencial para o turismo. Há várias iniciativas para conservar o Pantanal e garantir o manejo sustentável de seus recursos naturais.

 

Ecoturismo

A Estrada do Parque é um ótimo lugar para avistar bichos. No Passo do Lontra, barcos pesqueiros foram convertidos em barcos de observação para turistas.

 

Boi orgânico

A Fazenda Eldorado é a primeira a obter a certificação do boi orgânico. Até homeopatia é usada na criação dos animais

 

Reservas particulares

Elas ganham isenção para conservar a natureza e fazer o manejo sustentável

 

Escolas pantaneiras

O projeto quer fixar o homem no campo, melhorando sua capacitação técnica e ensinando-o a respeitar o meio ambiente

 

Araras-azuis

Mais de 300 ninhos são monitorados diariamente para conhecer os hábitos da arara-azul e evitar a ação de contrabandistas

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