Igor Fuser
Se vivesse hoje, Ernest Hemingway (1899-1961) seria apedrejado pelos ecologistas. Ele escrevia sobre touradas, safáris e pescarias. Chega a ser surpreendente que, nestes tempos politicamente corretos, um livro como O Velho e O Mar, reeditado pela Editora Bertrand Brasil, ainda desperte tanto fascínio quanto em 1952, quando foi lançado. Ano passado, a história foi transformada num dos mais lindos desenhos animados da História .
O filme, pintado a óleo, ganhou o Oscar de melhor animação (assista a um trecho no site https://www.oldmansea.com).
O livro conta a epopéia do pescador cubano Santiago, que persegue por três dias um enorme marlim-azul no Golfo do México. O duelo em alto-mar é eletrizante, mas os trechos mais geniais são os do monólogo interior do protagonista, quando ele mistura a recordação de sua valentia na juventude (uma das obsessões machistas de Hemingway) com um certo sentimento de culpa em relação à presa. É impossível deixar de se envolver com a garra de Santiago. E de torcer por ele – mesmo sabendo que o marlim-azul está na lista dos peixes ameaçados de extinção.