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Caça aos Nazistas, parte 5: A aposentadoria de Josef Mengele no Brasil

Josef Mengele, o cientista louco de Auschwitz, contou com a ajuda de brasileiros que simpatizavam com o nazismo

Por Luiz Romero
Atualizado em 11 mar 2024, 08h50 - Publicado em 7 jan 2016, 15h08
pureza racial e estudo de gêmeos

ILUSTRARenato Faccini

1. Conhecido como “Anjo da Morte”, Josef Mengele nasceu em 1911, em Günzburg, na Alemanha. Nos anos 20, estudou filosofia em Munique, na mesma época em que o filósofo Alfred Rosenberg espalhava ideias de pureza racial e antissemitismo pela cidade. Além de Mengele, as teses de Rosenberg influenciariam um político então em formação em Munique… Adolf Hitler

2. Mengele estudou medicina em Frankfurt e, em 1934, começou a trabalhar no Instituto de Biologia Genética e Higiene Racial. Foi assistente do biólogo Otmar von Verschuer, cujo interesse científico o influenciaria pelo resto da vida: o estudo de gêmeos. Nesse período, Mengele entrou para o partido nazista e, durante aguerra, trabalhou como médico nos campos de batalha

experimentos crueis
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3. Ferido em conflito, foi transferido para Auschwitz. Ele chefiava a equipe que escolhia os prisioneiros que seriam mandados para os trabalhos forçados ou para as câmaras de gás. Mas também pegava cobaias para experimentos cruéis, nos quais, por exemplo, tentava mudar a cor dos olhos das vítimas com produtos químicos ou as infectava com doenças

4. Seu sonho era usar a pesquisa que realizava no campo de concentração para conseguir um cargo de professor em alguma faculdade alemã. Mas, no fim da guerra, teve que fugir dos soldados soviéticos e acabou nas mãos dos soldados dos EUA. Ficou preso por alguns meses, mas como tinha documentos falsos, com o nome de Fritz Hollmann, foi liberado no verão de 1945

5. Entre 1945 e 1949, conseguiu trabalho como cuidador de cavalos numa fazenda no interior da Baviera, seu estado natal. Sua fuga da Europa foi digna de filme: primeiro, viajou para uma cidade no limite entre a Áustria e a Itália. Lá, contou com a ajuda de simpatizantes do nazismo para cruzar a fronteira e pegar um trem até Vipiteno, cidade italiana com muitos imigrantes alemães

6. Em Vipiteno, encontrou um enviado de sua rica família, que havia lhe mandado dinheiro para comprar uma passagem de navio. Em Gênova, arranjou um passaporte humanitário da Cruz Vermelha, mas foi detido por tentar subornar um oficial. Só escapou porque tinha uma identidade falsa convincente: a papelada dizia que ele havia vivido na Itália durante todo o período da guerra

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fuga da europa

7. Embarcou no Rainha do Norte rumo à Argentina, onde passou alguns anos com o dinheiro dos pais. Em 1958, casou-se no Uruguai; em 1959, conseguiu cidadania paraguaia; e, em 1961, chegou ao Brasil. Aqui, também recebeu ajuda de apoiadores do nazismo: primeiro, um casal húngaro, no interior de São Paulo, e depois um casal austríaco, com quem ele conviveu o resto da vida

8. Usando o dinheiro da família e dos pequenos negócios que abriu, Mengele continuou pagando subornos para conseguir documentos e silenciar pessoas que o reconheciam. Além disso, mudou de nome várias vezes: foi José Mengele, Fritz Fischer, Walter Hasek e, por fim, Wolfgang Gerhard – alcunha que “herdou” de um amigo que retornou à Áustria e lhe deixou sua identidade

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nadava em bertioga

9. Os diários de Mengele revelam que sua velhice foi triste e com saúde frágil. Ele se dizia decepcionado com a falta de grana, com a miscigenação no Brasil e com a “juventude degenerada” na Alemanha. Nos textos, ainda criticava os nazistas que haviam se arrependido publicamente. Morreu de um ataque do coração, enquanto nadava em Bertioga (SP), sem jamais pagar por seus crimes

rota de fuga
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Rota de fuga

1. Alemanha

2. Áustria

3. Itália (Vipiteno)

4. Itália (Gênova)

5. Argentina

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6. Uruguai

7. Paraguai

8. Brasil

ESTA É A QUINTA PARTE DA MATÉRIACAÇA AOS NAZISTAS. CONFIRA AS OUTRAS:

Parte 1: O exílio do Doutor Morte no Egito

Parte 2: A vida boa de Herbert Cukurs no Rio de Janeiro

Parte 3: A pena do Corvo Negro

Parte 4: O carrasco que foi condenado pelo acaso

FONTESSitesBBC,Opera Mundi,Reuters,Enciclopédia Britannica,Buzzfeed,Memorial do Holocausto,Simon Wisenthal Archive,Simon Wiesenthal Center, blogherbertcukurs.blogspot.com; livrosThe Execution of the Hangman of Riga, de Anton Kuenzle,The Real Odessa, de Uki Goñi,The Eternal Nazi, de Nicholas Kulish e Souad Mekhennet,Hunting Eichmann, de Neal Bascomb,Eichmann in Jerusalem, de Hannah Arendt,Eichmann Before Jerusalem, de Bettina Stangneth, eHunting Evil, de Guy Walters; jornaisThe New York Times,Haaretz,Times of Israel,The Jerusalem Post,O Globo,Corriere della Sera,The Guardian,The Telegraph,Chicago TribuneeThe Jewish Chronicle, revistasTime,Spiegel,Foreign Affairs,Vice,The Atlantic,New StatesmaneSalon

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