De forma bem diferente da que rolaria na garagem onde você ou algum de seus amigos barbarizam a vida dos vizinhos. Um estúdio profissional dispõe de salas, instrumentos, equipamentos e técnicos para transformar o som de uma banda em arquivos digitais que, mais tarde, podem virar um álbum ou ser disponibilizados na internet. Há desde estúdios mais bombados – com vários ambientes, alguns capazes de comportar até uma orquestra – até os mais compactos, que seguram bem a onda de uma banda de rock enxuta. }:o]
GARAGEM DE RESPEITO
O produtor e o técnico de som monitoram o processo para garantir a sonoridade perfeita para o álbum
Antes de gravar pra valer, a banda passa o som – é uma espécie de ensaio para que o técnico ajuste o nível dos sons (graves, médios e agudos) que serão captados das vozes e dos instrumentos. Esse processo é conhecido como equalização.
A bateria é a primeira a entrar em cena – ela compõe, junto com o contrabaixo, a base da gravação. Para ajudar o artista a marcar o ritmo da música, um clique fica pulsando constantemente no retorno (fone de ouvido pelo qual os músicos ouvem o que todos estão tocando).
O resto da banda pode gravar junto ou após a base. Depois de captado, o som passa por um pré-amplificador e chega à interface, aparelho que faz a digitalização da sonzeira antes de mandá-la ao computador. Em geral, o grupo toca várias sessões de uma mesma canção antes de passar para a seguinte.
No processo de edição, produtor e técnico podem manipular o som graficamente por meio de softwares, fazendo ajustes de afinação, além de recortar e juntar os melhores trechos de cada sessão para, assim, montar uma versão ideal da música.
O som chega separadamente em cada um dos mais de 90 canais da mesa de som. Na mixagem, são programados, canal por canal, efeitos e variações de volume que dão mais dinâmica à música – isso é feito com a ajuda de equalizadores e outros aparelhos.
A sonzeira toda é condensada em dois canais – direito e esquerdo – para obter o efeito estéreo que se ouve em qualquer fone de ouvido. Daí, vai para a masterização. É hora de, entre outras coisas, uniformizar o volume entre as faixas e escolher a sequência delas no álbum.
Ao final da masterização, temos dois produtos: o CD master – matriz que será enviada à fábrica para gerar milhares de cópias – e os arquivos compactados (mp3, wma etc.), que podem ser disponibilizados na internet.
ANTIVAZAMENTO
Quando o som é captado por microfones – como no caso da bateria e da voz -, a coisa rola numa sala isolada (chamada de aquário), para que o som de um músico não vaze para o microfone de outro. Para o vocal, uma telinha ainda filtra os sons de p, que podem estourar na gravação.
TURMA DO ABAFA
A acústica ideal é garantida por meio de painéis e revestimentos de madeira e lã mineral, posicionados nas paredes e no teto. Eles diminuem a reflexão das ondas sonoras (o eco), ajudando a captar um som mais puro. Outras peças móveis, como biombos, também fazem esse papel.
VIDRO À PROVA DE FALA
Para isolar os ambientes e evitar zumbidos penetras, as janelas são feitas com dois vidros laminados bem grossos – de até 2 cm de espessura – separados por um vão de ar. Já as portas, reforçadas, pesam até 150 kg.
O SOM DO SILÊNCIO
Essencial, o isolamento acústico evita que ruídos entrem e saiam do estúdio. Em nosso modelo, isso se dá por meio de três camadas: uma parede externa, feita de blocos de concreto, com 20 cm de espessura, preenchidos de areia; um intervalo de ar, de 5 cm; e uma segunda parede, de pelo menos 20 cm.
SONZEIRA ELETRIZANTE
Na sala principal, capta-se o som dos instrumentos elétricos – como isso é feito por cabos, ele não se propaga pelo ar. Dá até pra gravar uma voz-guia nesta sala, já que a zoeira da banda não vaza para o microfone do cantor. Mesmo assim, o vocal definitivo é gravado no aquário, isolado de qualquer ruído, como o de pessoas andando.
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– Como montar uma banda de rock?
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