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Como os peixes nadam em cardumes sem trombar uns nos outros?

Eles usam a visão, a audição e um eficiente sistema chamado de linha lateral, que detecta mínimas variações de pressão na água. É ele que permite a sincronia perfeita de movimentos entre os membros do grupo. Acredita-se que pelo menos 50% das variedades conhecidas de peixes, como atum e sardinha, se agrupem em cardumes. “Essa […]

Por Yuri Vasconcelos
Atualizado em 22 fev 2024, 11h37 - Publicado em 5 jan 2009, 15h24

Eles usam a visão, a audição e um eficiente sistema chamado de linha lateral, que detecta mínimas variações de pressão na água. É ele que permite a sincronia perfeita de movimentos entre os membros do grupo. Acredita-se que pelo menos 50% das variedades conhecidas de peixes, como atum e sardinha, se agrupem em cardumes. “Essa é uma especialização surgida provavelmente como meio de defesa contra predadores”, diz o biólogo Leandro Sousa, mestre em ictiologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Nadar em bando também ajuda na busca por alimentos e na reprodução. “O grupo amplia o número de parceiros disponíveis e reduz a chance de predação dos ovos”, diz o biólogo Cristiano Moreira, doutor em ictiologia pela USP. O tamanho dos cardumes varia. Eles podem contar com poucos integrantes – basta olhar os peixes num aquário – ou, como no caso dos arenques, agregar milhões de indivíduos, atingindo mais de 1 quilômetro de extensão. Leia abaixo algumas curiosidades sobre essa impressionante habilidade dos peixes. 🙂

SEXTO SENTIDO

Além de contar com sentidos como a visão e a audição, os peixes possuem um auxílio extra, a linha lateral, que permite que eles nadem em sincronia em cardumes

A linha lateral consiste em um sistema de canais sob as escamas, que se estende da cabeça – onde circunda vários ossos – até a cauda do peixe, de ambos os lados.

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Esses canais contam com dezenas de pequenos orifícios. À medida que o peixe nada, a água entra pelos furinhos e percorre toda sua extensão antes de sair.

Nas paredes internas dos canais, há células nervosas, chamadas de neuromastos, que captam a variação de pressão da água. Se ocorre um distúrbio do lado esquerdo da cauda, por exemplo, os neuromastos daquela área são ativados mais intensamente que os demais.

Um impulso elétrico é enviado do neuromasto por fibras nervosas até o cérebro. Ao ler os sinais de todos os neuromastos, o cérebro do peixe detecta onde tem alguém por perto e, então, manda uma ordem qualquer (virar, subir, descer etc.)

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NADO LIVRE

É moleza se deslocar em cardume. Isso porque os peixes secretam um líquido viscoso que reduz o atrito da água com seu corpo. Nadando em grupo, esse efeito é potencializado e os integrantes, sobretudo os que estão no centro, se movem com menos esforço

OLHO DE PEIXE

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A visão também é essencial para os peixes não se esborracharem uns nos outros. Com os olhos nas laterais do corpo, eles vêem tudo à sua volta, evitando as trombadas. A audição completa o kit antichoque, funcionando como um detector de pressão, como a linha lateral

PEIXE VIVO

Nadar em grupo também ajuda na reprodução. A chance de os ovos expelidos pelas fêmeas serem fecundados num cardume é bem maior do que se elas estivessem nadando sozinhas, já que há mais machos ao seu redor

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ME LEVA QUE EU VOU

Não há relação de liderança dentro dos cardumes. Eles funcionam na base do “maria-vai-com-as-outras”: se um membro vê que a maioria tende a ir numa direção, ele vai também. Esse efeito em cadeia geralmente começa a partir das bordas, já que os peixes que estão ali têm mais contato com o meio externo

UM POR TODOS, TODOS POR UM

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A defesa é uma das principais funções do cardume. Quando um grupo sofre um ataque, seus membros nadam erraticamente, cada um numa direção, confundindo o predador, que fica sem saber a quem perseguir. Além disso, quanto mais peixes, mais olhos e sentidos para detectar alguma ameaça

UMA BARBATANA LAVA A OUTRA

Além de mais expostos, os peixes que estão nas bordas cansam mais. Assim, há um revezamento de posição entre eles: quem está de fora passa para o miolo. “É um movimento aleatório, mas importante para poupar a energia dos indivíduos”, diz a zoóloga Marina Loeb, mestranda da USP

ALIMENTO À VISTA

Localizar o rango em grupo é muito mais fácil do que sozinho. Afinal, alguém duvida que centenas de pares de olhos são mais eficientes para encontrar comida do que apenas um peixinho solitário?

VAI ENCARAR?

O aspecto do cardume como um todo ainda oferece uma proteção extra. Movendo-se de forma sincronizada, ele confunde possíveis predadores, dando a impressão de que, em vez de peixinhos indefesos, trata-se de um enorme e ameaçador peixão

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