A cena exige uma ação rápida: alguém se debate na água e começa a gritar por socorro. Se não houver nenhum salva-vidas por perto, talvez sobre para você a tarefa de tentar o resgate. Numa situação assim, não basta apenas ser um bom nadador, é preciso saber lidar com uma vítima desesperada que, na busca por qualquer tábua de salvação, pode levar para o fundo também o seu “salvador”.
Pode ser que você nunca enfrente um momento difícil como esse, mas, pelo sim, pelo não, é melhor estar preparado. Afinal, os afogamentos infelizmente ainda são bastante comuns no Brasil, provocando a morte de milhares de pessoas todos os anos. Segundo os dados mais recentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), 5 849 pessoas morreram afogadas no país em 2001. Mas a situação já foi pior. Entre 1979 e 1998, o número de óbitos caiu 18%, graças principalmente à melhora dos serviços de salvamento, não só nas praias como também nas piscinas de clubes. Mesmo assim as equipes de resgate não podem estar em todos os locais. “O grande problema é que cerca de 80% dos afogamentos ocorrem onde não há guarda-vidas”, afirma o tenente Salvador Diniz, do 17º Grupamento de Bombeiros de São Paulo, o Salvamar Paulista.
A maioria das mortes acontece em rios e lagos, onde os bombeiros não costumam marcar presença tão constante. Os números comprovam o que o tenente diz: apesar de São Paulo, ao lado do Rio de Janeiro, liderar os registros nacionais dos milhares de afogamentos anuais, só 166 pessoas morreram nas praias paulistas no ano passado, justamente por essa ser uma região bastante vigiada pelos salva-vidas.
Embora os especialistas recomendem que pessoas não treinadas evitem se arriscar nesse tipo de resgate, qualquer um pode se ver diante da situação de ser o único capaz de salvar a vida de algum parente ou conhecido. Por isso, saber como agir nessa hora pode ajudar não só a prestar socorro a quem está se afogando, como também a proteger sua própria vida.
1 – Ao ver alguém se afogando, primeiro tente avisar um salva-vidas ou oferecer à vítima algum objeto que a ajude a flutuar, como uma prancha. Se nada disso funcionar, parta para o resgate, inicialmente pedindo calma à pessoa antes de um contato físico. Isso é importante pois, no desespero, ela pode acabar afogando você também
2 – Aproxime-se da pessoa por trás, passando um braço por baixo da axila e do queixo da vítima, ajudando-a assim a manter a boca fora dágua. Seu braço mais hábil fica livre para você nadar
3 – Vá para a parte mais rasa usando o chamado nado militar, “remando” com seu braço livre e movimentando as pernas para ganhar impulso. Se o mar estiver agitado e for difícil chegar à praia, tente ficar em uma região com menos turbulência até que vocês recebam ajuda
1 – Se a vítima chegar a terra firme inconsciente,veja se ela está respirando, aproximando-se da boca e do nariz dela
2 – Se não houver sinal de respiração, inicie a ventilação boca-a-boca, tampando o nariz da pessoa e assoprando ar na boca
3 – Após duas respirações boca-a-boca, inicie uma série de 15 massagens cardíacas. Você deve jogar seu peso sobre suas duas mãos, que permanecem apoiadas, uma sobre a outra, no centro do esterno (osso do peito) da vítima. Comprima o tórax dela e solte em seguida. Repita esse ciclo de duas respirações e 15 massagens até a pessoa voltar a respirar
Na livraria:
The United States Lifesaving Association Manual of Open Water Lifesaving B. Chris Brewster, Prentice Hall, 1995
Salvamento y Socorrismo Acuático Rafael Arenillas, Gymnos, 1997
Na internet: