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De dinossauros a deuses: o mito dos dragões ao longo dos milênios

Primeiras interpretações de dragões surgiram em 40 mil a.C. e o mito foi se desenvolvendo e diversificando ao longo dos milênios

Por Giselle Hirata
Atualizado em 22 fev 2024, 10h12 - Publicado em 27 jun 2017, 17h00

O nome dessas míticas criaturas vem do termo grego “drákon”, que seria uma espécie de serpente gigante. Mas a besta lendária mudou de cara ao longo do tempo e ganhou poderes e atributos de acordo com as crenças de cada cultura. De espíritos do bem a monstros alados que cospem fogo, os dragões são destaque em histórias épicas e se tornaram sucesso na TV, no cinema e na literatura. Conheça um pouco mais sobre esses seres fantásticos que intrigam fãs e estudiosos.

UM MITO FORJADO A FOGO

Como o homem se inspirou na natureza para criar essa lenda

O mundo dos dragões
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1. 40 mil a.C. é a data mais aproximada das primeiras representações de criaturas que lembram dragões. Os registros, em forma de pinturas rupestres, foram feitos por aborígenes pré-históricos na Austrália.

2. Os dinossauros são os principais precursores da lenda. Há milhares de anos, quando os povos encontravam fósseis enterrados, associavam esses achados a monstros mitológicos ou espíritos divinos. Entre as espécies mais confundidas estavam o Tanystropheus, o estegossauro, o plessiossauro e o pterossauro.

3. Outros animais também personalizaram o mito. Ossadas de baleia, por exemplo, davam a impressão de serem carcaças de serpentes gigantes. O jacaré-chinês inspirou os dragões asiáticos, enquanto, na Austrália, o lagarto-de-gola e o dragão-barbudo foram grande fonte de confusão. O dragão-de-komodo (maior réptil do mundo) e os dragões-voadores (lagartos do gênero Draco) também contribuíram.

VERSÕES EM DIFERENTES CULTURAS

Suméria / Babilônia (a partir de 5000 a.C.)

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Origem: De acordo com a lenda suméria, existia um deus-dragão chamado Anzu, às vezes também identificado como um grifo ou pássaro. Além de forte, ele podia cuspir fogo e água. Já na Babilônia cultuava-se Tiamat, deusa associada ao oceano. Era adorada como a mãe dos elementos.
Poderes: Corpo impenetrável.

Grécia (por volta de 700 a.C.)

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Origem: Entre os célebres dragões gregos está o guardião Ladon. Ele era encarregado de proteger as maçãs douradas que Hera recebeu de Gaia quando se casou com Zeus. Foi morto por uma das flechas de Hércules, no conto de seus 12 trabalhos.
Poderes: Cada cabeça podia falar uma língua diferente e seus olhos emanavam fogo.

Japão (pelo menos desde 660 a.C.)

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Origem: O Ryujin (um dos dragões nipônicos mais famosos) era o todo-poderoso das águas e tataravô do primeiro imperador, Jimmu (660 a.C. até 585 a.C.). Ou seja, era antepassado da dinastia japonesa.
Poderes: Ryujin podia convocar a tempestade por uivo e transformá-la em um tornado. Além disso, podia virar humano.

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Pérsia (por volta de 550 a.C.)

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Origem: Azi Dahaka, famoso na mitologia persa, era subordinado do senhor das trevas e tocava o terror nos humanos, além de destruir florestas e praticar furtos. Para esse povo, o dragão, na verdade, personificava a opressão da Babilônia sobre a Pérsia.
Poderes: Podia controlar tempestades e causar doenças nas pessoas.

Celtas (século 6 a.C.)

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Origem: Para os celtas, os dragões eram associados à força da natureza e se tornaram símbolo de sua religião. Passaram de divindades a guardiões das portas para os outros mundos, assim como dos tesouros do Universo. Uma das criaturas mais famosas era o Mestre Stoorworm, que abocanhava bens e pessoas vivas quando bocejava.
Poderes: Destruíam vilas e navios inteiros.

Índia (563 a.C.)

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Origem: Acredita-se que os dragões indianos viveram nos tempos de Buda. O mais famoso era chamado de Apalala. Foi um homem que renasceu como um dragão e passou a aterrorizar os moradores com granizo e inundações. Buda transformou a fera em um espírito puro.
Poderes: Além de controlar o clima, era capaz de se mover sobre os pés.

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China (pelo menos desde 206 a.C.)

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Origem: Para os povos antigos, essas feras eram cobras evoluídas. Elas surgiam na China e perdiam uma garra quando saíam de sua terra-natal. E também tinham descendentes, o chamado “povo do dragão”, com corpo do animal e cabeça humana.
Poderes: Controlavam a chuva e os furacões. No zodíaco chinês, simbolizam o espírito livre, que traz a criatividade, a inovação e a coragem.

Coreia (por volta de 110 a.C.)

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Origem: Em algumas histórias, os Imoogis (uma espécie de “protodragão”) viviam na água e nas cavernas e traziam sorte. Os que conseguiam passar dos mil anos de vida podiam virar um dragão – contanto que conseguissem pegar com a boca uma pérola que caía do céu a cada milênio.
Poderes: Esses espíritos controlam os elementos e protegem o mar, o céu e a terra.

 

Filipinas (cerca de 2 mil anos atrás)

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Origem: O dragão lendário era Bakunawa. Ele vivia no mar quando o mundo tinha sete luas. Fascinado pelo brilho delas, saía de seu refúgio e, usando suas asas, voava para tentar devorá-las. Quando a lua escurecia por causa de eclipses, aldeões achavam que era Bakunawa engolindo-a. Para espantá-lo, batiam panelas e potes.
Poderes: Podia matar com o contato visual.

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Astecas / maias (entre os séculos 9 e 16)

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Origem: As civilizações antigas acreditavam numa divindade chamada Quetzalcóatl – um tipo de pássaro-serpente. Era uma das principais deidades desse povo, sendo uma representação das forças naturais.
Poderes: Possuía energia para impulsionar o crescimento da vida vegetal na Terra. De vez em quando, podia se transformar em homem e caminhar entre os humanos.

Polônia (por volta de 700 d.C.)

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Origem: Um dos contos mais famosos fala sobre o Dragão de Wawel. Vários cavaleiros tentaram derrotar a besta alada, mas nunca retornaram. Até que um sapateiro teve a ideia de rechear um carneiro com enxofre e deixá-lo como armadilha. O bicho devorou a presa e sentiu uma queimação interna. Bebeu água até a sua barriga explodir.
Poderes: As cabeças cuspiam fogo.

Povos nórdicos (entre os séculos 6 e 7)

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Origem: A iconografia dos dragões surgiu ainda no período pré-viking. Jormungand era o mais temido. Segundo filho de Loki, tinha o aspecto de uma serpente gigante. Odin teria jogado a criatura no oceano de Midgard, onde cresceu de forma desproporcional, sendo capaz de dar a volta na Terra e ainda encontrar a sua cauda.
Poderes: Soltavam um veneno letal.

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