Não, a pigmentação que dá cor à íris dos olhos não tem nenhuma relação com a sensibilidade à luz. Quem responde por isso são as chamadas células fotossensíveis – os cones (em lugares mais iluminados) e os bastonetes (em locais com pouca claridade) – que se encontram na retina, no interior do olho. A fotofobia, incômodo provocado pela luz, só ocorre em casos específicos. “Um deles seria a distrofia dos cones, uma doença hereditária. Como essas células que captam maior luminosidade não funcionam, a luz se torna agressiva. Outro caso é o de pessoas que têm astigmatismo mas não o corrigem, ou seja: não usam óculos. No esforço de tentar enxergar, as imagens ficam desfocadas e a luz também passa a perturbar”, afirma o oftalmologista Márcio Nehemy, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A fotofobia também se manifesta como sintoma da ceratoconjuntivite, palavrão que dá nome à inflamação da córnea e da conjuntiva (membrana que envolve a parte branca dos olhos).
– Por que coçamos os olhos quando estamos com sono?
Normalmente, a luz atravessa a córnea como se ela fosse um vidro. Com a inflamação, porém, os raios são desviados, causando reflexos que incomodam a pessoa. “Além disso, existe na retina uma pigmentação que se agrega aos receptores de luz, para transformar o estímulo luminoso em impulsos nervosos (que serão enviados ao cérebro para processar a imagem). Todos possuimos essa pigmentação, com exceção dos albinos, que não têm nem o pigmento da íris (que apenas dá a cor dos olhos, sem influir na visão), nem esse pigmento específico da retina, tão importante no processamento cerebral da luz. É por esse motivo que os olhos dos albinos são extremamente sensíveis a ela”, diz Márcio.