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Mulheres que mudaram a história: Teresa de Calcutá

Polêmica, a madre dedicou a vida a cuidar dos pobres à beira da morte. Acabou por personificar a imagem da santidade no século 20

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h06 - Publicado em 6 mar 2018, 12h16
teresa-de-calcuta
(Maurício Planel/Mundo Estranho)

O que foi: Missionária
Onde viveu: Macedônia e Índia
Quando nasceu e morreu: 1910-1997

“Uma morte maravilhosa não é um absurdo”, madre Teresa escreveu. “Estas pessoas viveram como animais, agora devem morrer como anjos, amadas e desejadas.” Lidar com os pobres, especialmente aqueles desenganados pela medicina, é o objetivo central das Missionárias da Caridade, a congregação religiosa fundada em 1950 e que hoje tem 4.500 freiras, espalhadas por mais de 130 países de quatro continentes.

Sua criadora recebeu o prêmio Nobel da Paz de 1979. Morreu há mais de 20 anos e foi canonizada em 2016. Mas seu legado é recheado de polêmicas.

ATENÇÃO AOS DOENTES
Ela nasceu na Macedônia com o nome Anjezë Gonxhe Bojaxhiu – Gonxhe significa “pequena flor”. Desde a infância, dizia que seu caminho era se tornar religiosa e viver especificamente na Índia. Com 18 anos, mudou-se para o seminário das Irmãs de Loreto, na Irlanda. Nunca mais veria sua mãe e sua irmã (havia perdido o pai aos 8 anos de idade).

Chegou à Ásia em 1929, onde, ao se tornar freira, adotou o nome da padroeira dos missionários. Até 1946, viveu no convento da congregação, em Darjeeling. Uma vida de dedicação religiosa, mas algum conforto material.

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Foi quando, sentada num trem, sentiu um chamado: ela deveria viver nas ruas, junto dos pobres. Madre Teresa tinha 36 anos.

As Missionárias da Caridade usam uma túnica característica, adaptada do sari indiano. Mantêm orfanatos, leprosários e escolas para crianças de rua. A cidade que concentra a maior quantidade de instalações é Calcutá.

O foco principal está nos hospitais. Alguns são voltados principalmente para pessoas à beira da morte, em especial doentes terminais portadores do vírus HIV. Os pacientes são respeitados em suas crenças e podem receber, em seus últimos dias, bênçãos católicas, hinduístas ou muçulmanas.

ESTILO CRITICADO
Ainda em vida, o trabalho da madre foi muito contestado. Seus hospitais não tinham equipamentos de diagnóstico, as seringas usadas eram reaproveitadas, o acesso de médicos era muitas vezes barrado. Parecia que Teresa estava mais preocupada, diziam os críticos, em explorar o sofrimento dos pobres do que em proporcionar conforto.

Depois de seu falecimento, pessoas que conviveram de perto com a madre começaram a contar que ela não parecia nenhuma santa como chefe: era grosseira com suas assistentes e cobrava a contenção de gastos, mesmo que isso significasse piorar a qualidade da comida oferecida aos pobres.

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O fato é que Teresa executou sua missão. Seja por suas atitudes de impacto, seja pela capacidade de construir sua própria imagem pública, a madre se tornou o maior símbolo de santidade do século 20.

 

SEUS GRANDES ACERTOS

  • Cuidou dos pobres
    A madre dedicou a vida a cuidar das pessoas mais desprezadas pela sociedade. Foi comprometida com essa missão e não acumulou bens
  • Foi boa gerente
    A congregação cresceu porque ela sabia reunir doações, lidar com dinheiro e fazer o papel de porta-voz e relações-públicas de sua obra
  • Parou uma guerra
    Em Beirute, em 1982, conseguiu um cessar-fogo para retirar 37 crianças do front. Também atendeu vítimas da radiação de Chernobyl

SEUS GRANDES FRACASSOS

  • Não medicou doentes
    Obcecada pela ideia de que o sofrimento purifica, ela não dava tratamento médico nem remédios adequados a seus pacientes
  • Não prestou contas
    Os críticos dizem que quem fazia doações à congregação não recebia informações a respeito de como os imóveis ou o dinheiro eram usados
  • Elogiou ditadores
    Em suas viagens, a madre elogiava os chefes de Estado locais – mesmo quando eles eram sanguinários, como Baby Doc, do Haiti

DICA DE FILME
A produção As Cartas de Madre Teresa, de 2014, traz Juliet Stevenson no papel da religiosa

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