É toda chuva que tem um pH abaixo de 7, o índice normal da água. Se essa regra for levada ao pé da letra, porém, toda chuva poderá ser considerada assim, já que sempre existe alguma concentração de ácidos nas torrentes. O bicho só pega mesmo quando o nível é de 5,6 ou menos: a partir daí, ela se torna capaz de matar peixes, destruir o solo e corroer materiais sólidos. O fenômeno rola porque as nuvens de chuva não são formadas só por vapor d¿água, mas também por gases diversos. Os componentes gasosos da poluição, como o dióxido de carbono (CO2), o dióxido de enxofre (SO2) e o óxido de nitrogênio (NO), se misturam a eles e podem, inclusive, viajar com o vento e contaminar a chuva de outras cidades. Quanto mais poluído o ar, mais ácida é a chuva – cidades com alta atividade industrial têm níveis piores. O governo canadense, por exemplo, estima que mais de 14 mil lagos do país tenham água ácida, por causa da chuva. No Brasil, há chuva ácida em lugares como a região metropolitana do Rio e Cubatão (SP).
DRINQUE CORROSIVO
Beber chuva ácida pode causar hipertensão, problemas renais e pulmonares, mas só se o consumo for constante e por muito tempo. A acidez ocasional não nos causa dano. Um copo de suco de limão, por exemplo, tem pH 2
Gotas de maldade
Fenômeno é capaz de matar animais e vegetais e comprometer ecossistemas
MORTE NO MAR
As piores consequências são para lagos, rios e mares. A água contaminada por metais pesados, como o alumínio, o ferro e o magnésio, se torna tóxica para peixes e outras espécies aquáticas, matando-os. Isso compromete toda a cadeia alimentar da região, afetando pássaros e outros animais
TERRA EM TRANSE
O solo de matas e florestas é capaz de anular parte do efeito da chuva ácida, mas não todo. Ela dissolve nutrientes, como cálcio e potássio, comprometendo a nutrição da árvore, ao mesmo tempo que deposita materiais tóxicos no solo, como alumínio. A vegetação vai enfraquecendo gradativamente
CIDADE EM RUÍNAS
Pode levar décadas, mas pedras como calcário e mármore não resistem à chuva ácida – o carbonato de cálcio nesses materiais reage com os ácidos. Construções históricas, como o Taj Mahal, sofrem com isso. Metais de pontes, trilhos, canos e afins também desgastam, por oxidação seguida de corrosão
Fontes Universidade Estadual do Norte Fluminense, USP e portal Environmental Protection Agency
Consultoria José Marcus Godoy, professor do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da PUC-RJ