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O que foi a Guerra Fria?

Conflito não teve guerra entre os dois rivais. Mas seus aliados pegaram em armas por todo o século 20

Por Roberto Navarro
Atualizado em 22 fev 2024, 11h09 - Publicado em 18 abr 2011, 18h51

A expressão “Guerra Fria” surgiu em 1947, quando o assessor presidencial americano Bernard Baruch usou o termo para se referir à intensa rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Diferentemente desse terrível conflito real, a disputa entre as duas grandes potências era travada mais no campo político. Como ambas evitavam se enfrentar com armas, a suposta guerra era fria, limitada, e não quente, total.

Na década de 50, a tensão entre as duas superpotências levou a uma grande política de alianças. Os Estados Unidos formaram com países europeus a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma força militar unificada para resistir à presença dos soviéticos na Europa. Estes, em resposta, criaram o Pacto de Varsóvia, que unia os países comunistas. Também nos anos 50 ocorreu a Guerra da Coreia (1950-1953), marco de uma tática comum nos tempos de Guerra Fria: o uso de aliados nos conflitos militares. Os soviéticos, apoiando a Coréia do Norte, opuseram-s à Coréia do Sul, que tinha o suporte americano.

Servindo-se dessas espécies de “testa-de-ferro”, as duas grandes máquinas de guerra do mundo fugiam de um confronto direto, que, diante do arsenal atômico de ambas, poderia até destruir o planeta. O auge da Guerra Fria ocorreu em 1962, quando a União Soviética decidiu instalar secretamente em Cuba mísseis que poderiam atingir os Estados Unidos. “A chamada Crise dos Mísseis teve desfecho favorável a Fidel Castro (ditador cubano), pois os americanos deram aos soviéticos a garantia de que não invadiriam Cuba em troca da retirada dos mísseis”, diz o historiador Clodoaldo Bueno, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Assis (SP).

Mesmo após a solução da crise, a disputa entre os dois países prosseguiu. Só em meados dos anos 80 as tensões diminuíram. Entre 1985 e 1991, Mikhail Gorbachev, líder soviético, iniciou a democratização de seu país, incentivando o mesmo nas nações aliadas dos soviéticos. Em 1991, com a desintegração da União Soviética em várias repúblicas, a Guerra Fria finalmente chegou ao fim.

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Crise dos Mísseis, em 1962, marcou o auge da tensão entre Estados Unidos e União Soviética

1. Em 1959, Fidel Castro assume o poder em Cuba. O país, a menos de 200 quilômetros dos Estados Unidos, aproxima-se dos soviéticos. Em julho de 1962, os americanos recebem informações de que a União Soviética enviara mísseis para Cuba. Em setembro, o presidente americano John Kennedy anuncia que não iria admitir que a ilha virasse uma base hostil2. No mês seguinte, os americanos reforçam os serviços de espionagem para obter mais detalhes sobre a movimentação soviética. Fotos aéreas de aviões espiões confirmam a instalação de bases de lançamento em Cuba e, no dia 14 de outubro, o presidente Kennedy é notificado oficialmente da presença de mísseis balísticos soviéticos na ilha
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3. Especialistas americanos fazem análises detalhadas dos dados disponíveis e chegam a uma conclusão sobre o alcance dos mísseis instalados em território cubano: eles poderiam atingir em questão de minutos várias cidades do leste dos Estados Unidos

4. A tensão se agrava e Kennedy considera a hipótese de invadir imediatamente Cuba. Entretanto, ele opta por outras duas ações: de um lado, inicia negociações diplomáticas com os soviéticos; de outro, anuncia, no dia 22 de outubro, um bloqueio naval à ilha. Navios americanos passariam a confiscar armas soviéticas que tentassem chegar a Cuba

5. Em 27 de outubro, a Crise dos Mísseis chega ao auge. Durante uma missão de espionagem sobre território cubano, um avião U-2 americano é derrubado. O major Rudolph Anderson Junior, que pilotava a aeronave, morre no incidente

6. Um dia depois, porém, o conflito que parecia certo é evitado pelo primeiro-ministro soviético Nikita Kruschev. Ele informa a Kennedy que a construção das bases seria suspensa. Os mísseis em Cuba começam a voltar para a União Soviética. Em 20 de novembro, o bloqueio naval é suspenso e a crise, que deixou o mundo à beira de uma guerra nuclear, termina

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