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Os segredos de Houdini

Com lábia, engenhosidade, muito treino e uma enorme capacidade física, Harry Houdini ficou conhecido como o maior escapista da história

Por Carolina Canossa
Atualizado em 22 fev 2024, 10h29 - Publicado em 2 fev 2016, 17h58

ILUSTRAS: Pedro Côrrea

Com lábia, engenhosidade, muito treino e uma enorme capacidade física, Harry Houdini ficou conhecido nas primeiras três décadas do século 20 como o maior escapista da história. A maioria de seus truques, impressionantes para a época, contavam com a ingenuidade do público. Saiba como eram realizados

CÂMARA DE TORTURA AQUÁTICA

Pendurado pelos pés, Houdini era colocado em uma caixa com água, que era trancada na frente do público. Uma cortina era baixada em volta da caixa e, após alguns minutos, quando o público já estava desesperado, o mágico reaparecia

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1. O ilusionista deitava-se no palco e tinha os pés presos à tampa da caixa. Então, ela era deixada acima do tanque, baixada até submergir o ilusionista e fixada na estrutura com uma chave

2. O segredo estava na “tranca”. A chave não fixava a tampa. Em vez disso, ela acionava um mecanismo que afrouxava os pés de Houdini. Com pequenos movimentos, ele conseguia livrá-los

3. Houdini então invertia sua posição na câmara. Falta de fôlego não era problema para ele, que conseguia segurar a respiração por vários minutos. Mesmo assim, a caixa tinha uma pequena bolsa de ar no topo

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4. A tampa tinha portinholas que abriam para dentro. Bastava então puxá-las e sair discretamente (sem nunca precisar mover a tampa). Como a caixa estava coberta por uma cortina, ninguém via nada

5. Geralmente, o mágico demorava a aparecer de propósito, só para se divertir com a reação do público, que temia uma tragédia. Na hora certa, a cortina subia e Houdini surgia livre à frente do tanque

LATÃO DE LEITE

Nessa variante do tanque de água, o truque também estava na tampa – e nem olhando de perto o público sacava!

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1. O latão, muito usado naquela época para guardar leite, era trancado com vários cadeados e enchido com água na frente do público. Houdini permitia a qualquer um inspecionar o objeto e atestar que era um barril comum

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2. Porém, olhando pelo lado de fora, nenhuma inspeção conseguia detectar que a tampa, embora bem presa, era removível! Bastava um “empurrãozinho” pelo lado de dentro para que se deslocasse e permitisse a fuga

O SUMIÇO DO ELEFANTE

O mais ambicioso truque de sua carreira foi apresentado em 7 de janeiro de 1918 no New York’s Hippodrome, maior teatro do mundo à época

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1. A caixa era exibida para o público no sentido da largura. Uma das laterais menores, no sentido da profundidade, tinha uma porta dupla com um recorte oval. A outra era fechada por uma cortina simples

2. O elefante e seu tratador eram conduzidos ao palco e entravam pelo lado da cortina. A caixa tinha rodinhas e era girada por 12 homens até que a lateral com a cortina ficasse diante do público

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3. Rodar a caixa demorava entre seis e sete minutos. Durante esse tempo, o tratador colocava o animal em um dos cantos e puxava um pano preto que cobria os dois. O elefante havia sido treinado para ficar quieto e imóvel

4. Houdini abria a cortina puxando-a para a mesma lateral onde estava o bicho, ajudando a ocultá-lo. O público conseguia ver a abertura oval na parte de trás sem obstruções, mas não o bicho. Sumiu!

5. Na verdade, o elefante continuava escondido no canto. O truque era simples: a caixa era bem maior do que os 2,4 m que Houdini afirmava publicamente, mas, devido ao enorme tamanho do teatro, parecia pequena. Além disso, vista em perspectiva, a abertura oval parecia maior do que era. Com tudo isso, o elefante recuado passava despercebido

Versão light

Em lugares menores, Houdini usava um outro esquema

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houdini5 houdini51. A caixa tinha duas áreas, separadas por um fundo falso. O público só via a primeira, cuja parede traseira parecia sólida, mas na verdade era uma porta que se abria em duas

2. O bicho entrava na primeira área e a cortina era fechada. Lá dentro, o fundo falso era aberto e ele era conduzido à segunda parte, que tinha guloseimas para acalmá-lo

3. Enquanto Houdini distraía o público com palavras e música, a parede falsa era fechada. Com toda a atmosfera de tensão, o pano era reaberto e, para espanto do público, não havia nada ali

UM LANCHE PONTIAGUDO

O ilusionista colocava agulhas e uma linha na boca, fingia que engasgava e cuspia tudo. Mas as agulhas saíam perfeitamente presas no fio!

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1. Houdini já entrava em cena preparado, com as agulhas presas na linha escondidas na boca, na área entre os dentes e a bochecha. Se alguém quisesse inspecioná-lo, ele as ocultava com os dedos

2. As agulhas soltas que ele “engolia” diante do público tinham pontas não perfurantes. Ele as colocava, junto com a linha, camufladas debaixo da língua

3. Após a mágica, Houdini as cuspia num copo de água trazido por um assistente – mas o reflexo da luz no copo impedia que a plateia visse os objetos. E o ajudante deixava o palco tão rápido quanto entrou, evitando qualquer suspeita

BRAVA CORRENTEZA

Em 1912, ele ampliou o desafio: saiu de uma caixa jogada no East River de Nova York. Descubra como

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1. Ele entrava pelo topo da caixa, que era fechada com pregos por assistentes e enrolada em correntes para reforçar a proteção. Às vezes, Houdini ainda tinha os punhos presos com algemas – falsas nesse caso, para evitar riscos

2. Após a caixa ser içada e mergulhada no rio, o ilusionista iniciava seu escape. O segredo: as tábuas de madeira que compunham o piso tinham dobradiças e formavam uma portinhola que abria para dentro (abrir pra fora seria arriscado por causa da resistência da água)

3. Houdini abria a porta, saía, fechava de novo e simplesmente emergia na superfície. Um barquinho ia ao seu resgate

CAIXÃO

O ilusionista era selado em um caixão pregado e acorrentado. Por trás das cortinas, ele escapava e ressurgia livre

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1. A tampa era pregada ao vivo por assistentes no palco, aumentando a tensão da performance. Em seguida, vinham as correntes e os cadeados para garantir que tudo estaria bem selado

2. O truque também era realizado atrás de uma cortina. A tábua no “piso” do caixão não era fixa, estava apenas encaixada. Havia pregos nela, mas eles ficavam acomodados em cavidades largas nas “paredes”

3. O escapista apenas empurrava para cima a peça formada pelas laterais e pela parte superior do caixão. Assim, saía sem precisar mexer nos cadeados. Quando a cortina subia, ele estava livre

Punhos livres

Ele era um ás das algemas. Conheça seus principais métodos para escapar

INSPEÇÃO PRÉVIA

Houdini exigia examinar com antecedência as algemas escolhidas, de forma que pudesse se preparar adequadamente. Uma maneira de garantir isso era impor que os itens fossem os mesmos usados pela polícia

CHAVES ESCONDIDAS

Ele moldava suas próprias chaves, escondia-as no corpo e as alcançava com seus dedos (bem treinados para serem fortes e ágeis). Quando teve que fazer o truque nu, ocultou a chave na sola dos pés

PANCADAS

O mágico descobriu que dava para quebrar as algemas mais usadas na Inglaterra batendo a dobradiça em uma superfície dura. Por isso, levava consigo uma tira fina de chumbo

DO LADO DE LÁ DA PAREDE

Um muro de tijolos era construído ao vivo e ele o atravessava misteriosamente

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1. Enquanto realizava outros truques de seu show, Houdini mandava operários construírem um muro de tijolos no palco. O tamanho variava, mas em geral tinha em torno de 3,5 m de largura por 3 m de altura

2. Quando a obra estava pronta, o mágico pedia a alguém da plateia que verificasse se era de tijolo mesmo (e realmente era). Ele ainda ressaltava que não havia outro modo de escapar dali, pois todo o palco era coberto por uma única peça de carpete

3. Duas telas opacas eram colocadas em cada lado do muro, com o cuidado de deixar boa parte dele à mostra, incluindo a parte de cima, evitando que o truque fosse um simples pulo para o outro lado

4. Houdini entrava atrás de uma dessas telas e gritava: “Estou indo!” Seguia-se um silêncio e ele gritava novamente: “Aqui estou”, saindo de trás da tela do outro lado da parede

5. A façanha era possível devido a um pequeno alçapão, largo o suficiente para que Houdini rolasse por baixo da estrutura. E o tal carpete? Era flexível e afundava com o peso, voltando ao normal depois, sem levantar qualquer suspeita

FONTES Livros The Secrets of Houdini, de J.C. Cannell, Harry Houdini For Kids, de Laurie Carlson, Secrets and Mysteries Now Revealed for the First Time, de Harry Houdini, e sites Modern Mechanix, Wild About Harry, New Yorker e thegreatharryhoudini.com

LEIA MAIS

– Como funciona um circo de pulgas

– Qual é o truque dos ventríloquos

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