O processo parece um curto-circuito, que faz o cérebro receber mensagens vindas do nervo que antes servia o membro retirado. Isso acontece porque todos os nossos nervos são protegidos por uma membrana chamada mielina – semelhante ao plástico isolante que envolve fios elétricos. Quando um membro é amputado, a mielina se rompe, deixando o nervo desprotegido – igual a um fio desencapado. “Durante a cicatrização, é possível que nas extremidades desses nervos se formem pequenos nódulos, chamados neuromas. Como não existe mais mielina no local para isolar os nervos, os neuromas podem desencadear descargas elétricas espontâneas”, afirma o neurologista Clóvis Francesconi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No caso de uma pessoa que teve metade do braço extraída, se os impulsos elétricos saírem da extremidade de nervos que serviam o polegar ou a palma da mão, o cérebro receberá a mensagem de que essas áreas estão doloridas, dormentes ou com formigamento.
Para isso não ocorrer, as pontas dos nervos devem permanecer sem os tais nódulos. Os chamados “membros fantasmas” costumam ser sentidos durante a cicatrização, processo que provoca a contração dos nervos. Mas o efeito pode se estender. “Em alguns casos, é necessária uma nova cirurgia para cessar os sintomas”, diz Clóvis.