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Por que o cocô flutua?

Por Tiago Jokura
Atualizado em 22 fev 2024, 11h39 - Publicado em 28 jul 2008, 16h24
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Nem todo cocô flutua. Os que não têm uma quantidade considerável de gordura ou bolhinhas de ar no seu interior afundam como uma âncora. Tudo depende da alimentação. Alimentos como feijão e repolho aumentam o volume de gás nas fezes, o que resulta em puns, mas não faz mal. Já o excesso de gordura não é saudável: fezes engorduradas geralmente indicam problemas no pâncreas ou no fígado.

FAZ MAL COMER COCÔ?

Além de ser nojento, faz mal, sim. O cocô carrega entre 150 e 500 tipos de bactérias em alta concentração – são até 10 trilhões por grama – que podem causar infecções graves. A Associação Dentária Americana recomenda inclusive que escovas de dentes fiquem a pelo menos 2 metros dos vasos sanitários para evitar contaminação

POR QUE É MARROM?

O cocô é colorido pela estercobilina, um pigmento escuro formado no final da digestão a partir da oxidação do estercobilinogênio, que, por sua vez, é produto da digestão da bílis – líquido que ajuda a quebrar a gordura e absorver nutrientes no intestino. Quanto mais as fezes demoram para sair, mais estercobilina é produzida, e a coisa vai ficando preta.

EXAMINAR COCÔ AJUDA A DESVENDAR CRIMES?

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Pode ajudar, sim. Dá para identificar um suspeito por amostras de DNA retiradas de fezes e até mapear o comportamento do criminoso a partir da sua alimentação mais recente. Também é possível examinar o trato digestivo para investigar, por exemplo, se o suspeito engoliu drogas para transportar.

DÁ PRA FAZER ADUBO COM FEZES HUMANAS?

Dá. A técnica mais comum é a de compostagem em privadas secas. São caixas ocas que misturam fezes e serragem, o que serve para eliminar odores e facilitar a decomposição. Mas tome cuidado: sem os cuidados necessários, você pode ter um adubo com bactérias capazes de contaminar o alimento adubado

POR QUE O MILHO APARECE INTACTO NAS FEZES?

Para triturar fibras insolúveis, como as do milho, só com muita mastigação. Os pedaços que escapam dos seus dentes passam intactos pelo trato digestivo e chegam à privada da mesma forma. E isso não é ruim: as fibras não digeridas amaciam o cocô, facilitando a saída.

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QUANTO UMA PESSOA PRODUZ DIARIAMENTE?

Uma produção de fezes considerada normal varia de 150 a 450 gramas por dia, o que significa que 160 quilos de cocô por ano é uma produção perfeitamente normal e saudável. A freqüência de idas ao trono não demanda atenção especial caso esteja dentro dos limites de três vezes ao dia até três vezes por semana.

POR QUE FEDE?

O fedor do cocô – e do pum – é causado por compostos sulfurosos produzidos pelas bactérias em contato com o alimento no intestino. Doenças como pancreatite, fibrose cística e infecções intestinais atrapalham a digestão, e os restos de alimentos não digeridos aumentam a catinga. Alguns alimentos, como a carne, também turbinam o odor das fezes.

FAZER SENTADO É O MELHOR JEITO?

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Não. Para aliviar a barra, a melhor pedida é agachar-se. Essa posição relaxa a musculatura que controla a saída do cocô e deixa o reto – canal que desemboca no ânus – mais reto, evitando que restos de fezes se acumulem, o que pode facilitar o surgimento de apendicite e de infecções no cólon.

A COR REVELA PROBLEMAS DE SAÚDE?

Sim. Variações na cor das fezes podem indicar tanto o que você comeu no almoço quanto problemas de saúde:

Preto

Alimentos: Ricos em ferro, como bife de fígado

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Problemas de saúde: Hemorragia no trato digestivo superior (acima do intestino)

Verde

Alimentos: Espinafre e outras folhas verdes

Problemas de saúde: Diarréia

Vermelho

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Alimentos: Beterraba

Problemas de saúde: Hemorragia no trato digestivo inferior (do intestino para baixo)

Amarelo

Problemas de saúde: Doença no pâncreas (gordura nas fezes)

Cinza esbranquiçado

Problemas de saúde: Doença no fígado ou bloqueio do duto que expele a bílis

CONSULTORIA: ANISH SHETH, MÉDICO GASTROENTEROLOGISTA DA UNIVERSIDADE DE YALE E AUTOR DO LIVRO WHAT’S YOUR POO TELLING YOU?, INÉDITO NO BRASIL

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