Qual a origem e onde ficava o reino de Atlântida?
Registrada pelo filósofo Platão, a lenda iniciou uma caça ao tesouro que dura até hoje
ILUSTRA Ícaro Yuji
A origem do mito
Assunto recorrente no cinema, nas HQs e na cultura pop em geral, o mito de Atlântida tem berço nobre. Foi o filósofo grego Platão que, em cerca de 400 a.C., inspirou-se numa lenda que já circulava há séculos e registrou pela primeira vez a história de uma nação rica e poderosa que teria afundado nas profundezas do oceano. Ela é explicada pelo narrador Crítias na obra Diálogos
Anéis de ilhas
Platão a descrevia como uma ilha continental, em formato de anéis circulares, com a capital no centro. Sua terra era fértil e cheia de metais preciosos. Ouro ornava os palácios. As cidades eram organizadas. Seus governantes discutiam leis num templo para Poseidon – já que, segundo a lenda, foram cinco pares de filhos gêmeos do deus do mar que iniciaram essa sociedade.O mais velho entre esses dez gêmeos era o rei. Ele se chamava Atlas, mas não era o mesmo que carregou o céu nas costas…
O fim da utopia
Ainda de acordo com Platão, seu povo era igualitário. Mas, conforme enriqueceu, tornou-se mais ambicioso. Começou a conquistar novos territórios, na Europa e na Ásia, porém foi derrotado por Atenas e entrou em decadência. Irritados com a cobiça atlante, os deuses lançaram terremotos e maremotos intensos, que afundaram toda a nação em um único dia
Latitude e longitude
Diálogos dizia que o reino estava “sob os Pilares de Hércules“, ou seja, no Estreito de Gibraltar, entre a Espanha e o Marrocos (em 2001, um cientista francês até alegou que ela realmente estava lá, após analisar o nível do mar nos últimos 11 mil anos). Mas isso não impediu que, desde então, pesquisadores tenham apontado sua “verdadeira” posição em diversos pontos da Terra
Pertinho da Grécia
As primeiras tentativas sérias para localizá-la surgiram já na Idade Média e na Renascença. No século 19, descobertas arqueológicas na ilha de Santorini, no mar Egeu, reaqueceram o debate. Concluiu-se que, milênios atrás, ela tinha um formato anelar e uma ilhota central com um vulcão. Essa estrutura sumiu após uma erupção em 1645 a.C.
Do Egito à Irlanda
Para alguns,Atlântida está no Atlântico (dããã!), porque teria servido como ponto de troca de informações entre as culturas egípcia e maia. Isso explicaria por que ambas usam pirâmides, por exemplo. Outros dizem o continente perdido é uma região da Irlanda que bate com a descrição nos Diálogos: tem 480 km de extensão, 320 km de largura e um planalto central com saída para o mar
Vencida pelo gelo
Para o brasileiro Arysio Santos, doutor em física nuclear e autor de Atlantis – The Lost Continent Finally Found, ela existiu até 11,6 mil anos atrás, próxima à Indonésia. Esse arquipélago tem características geográficas similares às descritas por Platão, exceto pela localização no mar de Java. Sua destruição teria sido causada pela subida do nível das águas dos oceanos, no fim da última Era do Gelo
Andando em círculos
O físico Rainer Küehe, da Universidade de Wuppertal, na Alemanha, diz queAtlântida poderia estar perto de Cádiz, no sul da Espanha. Fotos de satélite teriam revelado ruínas de estruturas circulares, cujas medidas batiam com as descrições da civilização. A teoria dele se alinha com outra, mais antiga, sobre os tartessos – um povo rico dessa região, supostos descendentes dos atlantes
Água? Não, areia!
Quer viajar ainda mais? Há quem diga que hoje ela está sob o Saara, que um dia já foi mar. Para outros, as ruínas de Tiwanaku, na Bolívia, são relíquias dessa civilização. A hipótese mais recente surgiu este ano: cálculos matemáticos indicam que ela teria sido varrida por um tsunamihá 2 mil anos. O desastre teria deixado seus restos próximos de Marrakesh, no Marrocos
FONTES NOAA e sites ListVerse, G1, HowStuffWorks e Scientific American
CONSULTORIA R. Michael Ballantyne, professor e secretário da British Columbia Folklore Society, Ari Berk, autor de The Secret History of Mermaids and Creatures of the Deep, Simon Boxall, professor da Ocean and Earth Science na Universidade de Southampton (Reino Unido), e Alexandre Monteiro, professor do Instituto de Arqueologia e Paleociências e da Universidade Nova Lisboa (Portugal)