Qual é o destino do lixo nuclear produzido no mundo?
Cada tipo de resíduo nuclear tem um destino. “Depende do grau de radioatividade e dos materiais de que ele é composto”, diz o engenheiro Alfredo Tranjan Filho, diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental criado para fiscalizar o uso de material radioativo. O lixo nuclear – ou “rejeito radioativo” – é classificado […]
Cada tipo de resíduo nuclear tem um destino. “Depende do grau de radioatividade e dos materiais de que ele é composto”, diz o engenheiro Alfredo Tranjan Filho, diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental criado para fiscalizar o uso de material radioativo. O lixo nuclear – ou “rejeito radioativo” – é classificado em três tipos: os de alta, média e baixa radioatividade. Entre uma gradação e outra, a radiação aumenta cerca de mil vezes. Os rejeitos de nível baixo e médio são guardados em depósitos provisórios ou permanentes. No Brasil, há depósitos provisórios em centros de pesquisa nuclear no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais – o único depósito permanente fica em Goiás. O grande problema está mesmo no lixo de alta radioatividade, como restos do combustível nuclear que move as usinas. De tão perigosas, essas pastilhas gastas de urânio vão sendo empilhadas em uma piscina de resfriamento ao lado do reator onde são usadas.
Tanto a piscina quanto o reator são cercados por várias barreiras de aço, chumbo e concreto. A piscina da usina de Angra II, por exemplo, tem capacidade para armazenar lixo por mais de 40 anos, o mesmo tempo de vida útil do reator. E o que acontece depois? “Por incrível que pareça, no mundo inteiro ainda não se chegou a uma resposta definitiva”, afirma a física Emico Okuno, da USP. Em um passado recente, alguns países jogaram rejeitos no mar e em minas de sal abandonadas. Hoje, devido à maior consciência ambiental, essas opções foram descartadas. “Por mais que se diga o contrário, é impossível garantir 100% de segurança para esses materiais. A única solução seria parar de usar energia nuclear”, diz Reinaldo Canto, diretor de comunicação no Brasil do Greenpeace, principal organização mundial de defesa do meio ambiente.
Os rejeitos mais perigosos são guardados em piscinas especiais
Lixo de baixa radioatividade
Produtos Tudo que entra em contato com material radioativo, como ferramentas, luvas, roupas de proteção de operários e material de laboratório
Destino Latas sem blindagem especial, guardadas em depósitos temporários, perto de onde o lixo é produzido. Depois, elas podem seguir para depósitos subterrâneos
Lixo de média radioatividade
Produtos Recipientes usados de combustível nuclear, peças de reator e rejeitos químicos dos processos de mineração e enriquecimento de urânio
Destino Em geral, é guardado nos mesmos locais que o lixo de baixa radiação, mas com uma grande diferença: esse tipo de rejeito fica dentro de tonéis blindados de concreto
Lixo de alta radioatividade
Produtos Pastilhas gastas de urânio, usadas como combustível de reatores, e rejeitos líquidos oriundos da extração de plutônio para fabricação de bombas nucleares
Destino É guardado em piscinas protegidas junto aos próprios reatores das usinas, ou em depósitos provisórios