Clique e Assine SUPER por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Qual outro fim podemos dar ao gás carbônico?

Por Victor Bianchin
Atualizado em 22 fev 2024, 10h48 - Publicado em 17 mar 2012, 14h20

O CO², um dos principais responsáveis pelo efeito estufa, não precisa ser liberado na atmosfera. Uma opção é enterrá-lo com a tecnologia conhecida como Captura e Estocagem de Carbono (CCS, abreviatura em inglês). Por meio de dutos e bombas, o gás que seria lançado por usinas é enviado para depósitos geológicos muitos quilômetros abaixo da superfície. Os EUA apostam nessa inovação, ainda em desenvolvimento, para diminuir as emissões de suas termoelétricas. No Brasil, a intenção é aplicá-la nas usinas de etanol, de onde o CO² já sai puro, sem resíduos, o que barateia o processo. Já há um centro de pesquisa, parceria entre a Petrobras e a PUC-RS, para sondar possíveis locais de estocagem.

gas-carbonico-plataforma-subetrraneo-solo-lencois

EXÍLIO NAS PROFUNDEZAS

Gás viaja quilômetros e precisa atingir “ponto crítico” antes de ser enterrado

1. Durante a fabricação do etanol, a cana,
 já moída e transformada
 em caldo, é misturada a um fermento e colocada em grandes tanques chamados de dornas, onde repousa por até 12 horas. Durante esse repouso, a mistura libera CO² puro, que hoje é jogado no ar.

2. Com um sistema CCS instalado, o CO² seria enviado por dutos que percorreriam várias cidades até chegar a uma central. O uso de tubulações subterrâneas é comum: o Brasil já possui uma malha com mais de 5 mil km, principalmente no Sul e no Sudeste, utilizados para transportar combustíveis.

Continua após a publicidade

3. Na central, câmaras elevariam simultaneamente a temperatura e a pressão do CO². Esse processo o converteria ao estado supercrítico, um “meio-termo” entre líquido
 e gás, com densidade elevada (como nos líquidos), mas viscosidade baixa (como nos gases). É nessa configuração mais estável que o gás pode ser estocado.

Veja 
um vídeo da transformação de CO² gasoso para supercrítico em abr.io/supercritico

4. Já convertido, o CO² seria bombeado para bolsões subterrâneos, que ficam entre 1 e 3 km abaixo 
da superfície. Há três opções de bolsões. A primeira são as reservas de carvão mineral que não possam ser mineradas. O gás adere ao carvão e libera metano, que poderia ser capturado e usado em usinas termelétricas.

5. A segunda são os campos de petróleo ativos. Neles, a pressão da chegada do CO² ajuda a expulsar o restante do combustível
 ali reservado, que vai para a superfície por outra tubulação. E a terceira são os aquíferos salinos, bolsões com água em salmoura e rocha porosa (sem nenhuma relação com
os lençóis de água doce).

6. Nem todo mundo aprova o CCS. Nos
 EUA, o Greenpeace diz que
 ele aumentaria o consumo 
de energia nas usinas. Além disso, a entidade cita o risco
 de vazamento do gás nos depósitos (que os cientistas negam) e alega que a iniciativa é apenas um paliativo: o correto seria investir em fontes de energia renováveis.

Continua após a publicidade

7. Como nossa produção de etanol já tem emissão de carbono neutra, em teoria o Brasil poderia vender o CO² “economizado” como créditos de carbono (um tipo de “moeda ecológica”, regulada pela ONU). A previsão é armazenarmos
 1 milhão de toneladas de CO² em dez anos, o que, considerando o câmbio atual dos créditos, nos renderia entre US$ 15 e US$ 40 milhões.

Nos EUA, a intenção é armazenar a substância em campos de gás natural ou petróleo já vazios. No Brasil, o local ainda não foi definido. Em 2014,
 o Canadá deve inauguar o maior sistema de CCS do mundo, na usina de Boundary Dam.

O primeiro projeto de CCS
foi implantado em Sleipner, na Noruega, em 1996. Ele já enterrou mais de 10 milhões de toneladas
de CO².

FONTES: João Marcelo Ketzer, coordenador do Centro de Excelência em Pesquisa em Armazenamento de CO², IPCC Special Report on Carbon Dioxide Capture and Storage, doPainel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, False Hope: Why Carbon Capture and Storage Won’t Save the Climate, de Emily Rochon, Gargalos Logísticos na Distribuição de Combustíveis Brasileira, de Renata Figueiredo, e site do Instituto Carbono Brasil.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.