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Um dia na final do campeonato brasileiro de League of Legends

Em 24 horas, nosso repórter visitou uma nova cidade, viu de perto um time estreante se tornar campeão e presenciou o tamanho do fenômeno do e-sport

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 22 fev 2024, 10h11 - Publicado em 3 set 2017, 21h44

Quando fui convidado para assistir à final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, sabia que seria um desafio e tanto. As equipes Pain Gaming e Team One se enfrentariam na cidade de Belo Horizonte em busca de uma vaga no campeonato mundial da modalidade, em um ginásio com milhares de fãs. Tudo isso em menos de um final de semana.

(Riot Games/Divulgação)

Novos ares

Ao chegar em BH, às 10 horas da manhã, o tempo ensolarado me dava as boas-vindas pela primeira vez. Fora as tradicionais comidas e o inesquecível 7×1 no Mineirão, poucas coisas me vinham à mente quando pensava na capital mineira.

Uma van da Riot Games, empresa responsável pelo jogo, nos deixou no hotel às 11h30, e todos ficaram hospedados no mesmo lugar: imprensa, produção, jogadores, apresentadores e comentaristas. Foi divertido esbarrar no saguão com membros da banda Pentakill (guarde esse nome) e tomar café da manhã com os finalistas da noite.

Nas três horas seguintes, tentei conhecer o máximo que pude da cidade, limitando minha visita às proximidades do hotel. Descobri, entre um quitute e outro, que a comida é realmente boa — e que, com exceção dos shoppings, grande parte do comércio fecha aos finais de semana. Para alguém acostumado com o ritmo de São Paulo, não tem como não reparar nisso.

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Infelizmente, o tempo era curto. Uma visita maior terá que ficar para depois. Às 15h, já estávamos nos aproximando do Mineirinho, e era possível ver de longe a fila formada para entrar no ginásio.

Comidas, filas e fantasias

O clima não poderia ser mais divertido. Torcedores de todas as idades se misturavam em meio a cosplayers e vendedores de pastel. Os gritos de “Go Pain!” e “Go One!” dividiam espaço com as ofertas de água, refrigerantes, amendoim e tudo mais que os comerciantes locais encontraram para fazer uma graninha extra com o evento.

Os portões foram abertos três horas antes do início da partida. Tudo era motivo para uma multidão se aglomerar e filas se formarem — seja para comprar produtos nas lojas oficiais dos times, tirar fotos com os cosplayers ou encher as garrafas nos (poucos) bebedouros disponíveis.

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Por falar em cosplayers, eles eram figuras ilustres por lá, e praticamente inacessíveis. Foi só depois de muita espera que consegui conversar com um deles. Melyne Tolentino, estudante de design gráfico, saiu do Espírito Santo para assistir a final. Ela estava vestida de Annie, uma das personagens mais antigas do jogo.

“É uma sensação muito boa ver que a galera quer tirar fotos suas, maravilhados com o que você fez”, conta ela. Melyne faz cosplay há sete anos, e nos últimos três tem se dedicado a personagens do universo de LoL. Durante nossa conversa, fomos interrompidos algumas vezes (sete, para ser exato) por fãs acanhados em pedir uma fotografia, mas em nenhum momento fiquei bravo. Afinal, era justamente por isso que ela estava lá: “Aumenta a auto-estima, e faz todo o esforço valer a pena”.

Um show de abertura

Oito mil pessoas acompanharam a final (Riot Games/Divulgação)

Quando a contagem regressiva para as cinco da tarde terminou, quase todos os oito mil torcedores já estavam em seus lugares — público menor do que as últimas duas edições. Thaís Morrone, assessora de imprensa da Riot, contou que isso se deve ao fato da mudança do local do palco. Neste ano, ele saiu do centro do ginásio e foi para um único canto, melhorando a visualização da partida.

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Se o número de torcedores presenciais precisou ser diminuído, os de TV e internet cresceram vertiginosamente. Com SporTV e o próprio site oficial de LoL fazendo a transmissão, centenas de milhares de aficcionados acompanharam o confronto de sábado. Para se ter uma ideia, o último jogo da final já conta com mais de 130 mil visualizações no YouTube.

Outra prova do tamanho desse fenômeno foram os shows que abriram a noite. Às 18h, o palco se transformou em um cenário de arcade, e uma apresentação que mesclava dança com movimentos de ginástica olímpica animou a plateia. Mas foi quando a Pentakill (se lembra dela?) entrou em cena que o ginásio foi abaixo. A banda, que conta com nomes de peso do metal, surgiu dentro do jogo, como uma brincadeira com alguns personagens, e virou de carne e osso para se apresentar nos principais eventos da Riot. Com muita pirotecnia e solos de guitarra, foi uma ótima forma de esquentar antes da final.

Duelo de gente grande

Os times de apresentaram ainda com a banda no palco e se juntaram em volta do troféu do CBLoL. De um lado, a tradicional Pain Gaming, com jogadores consagrados como Kami e Loop em suas fileiras. De outro, a novata Team One, com nomes pouco conhecidos no cenário e que, em seu primeiro ano na divisão principal, fez uma campanha surpreendente e chegou até a final.

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A tradicional Pain Gaming (Riot Games/Divulgação)
A novata Team One (Riot Games/Divulgação)

A decisão funcionou no esquema melhor de cinco: ganharia aquele que vencesse três partidas primeiro. Em cada uma delas, há uma rodada de banimento, que é quando os jogadores escolhem quais campeões não poderão ser usados naquela partida. Isso tem um papel fundamental na estratégia adotada pelos times. Os fãs faziam um enorme barulho sem que o jogo sequer tivesse começado.

Por volta das 19h, Pain e One já se enfrentavam em Summoner’s Rift, local dentro do jogo onde as batalhas acontecem. De início, as equipes tomaram cuidado para não cometer nenhum deslize, e demorou para que alguém morresse. Foi só depois de 40 minutos que a Pain, em uma rápida virada, abriu o placar. 1 a 0 para os favoritos ao título.

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O intervalo entre as partidas, momento em que os times voltavam para a concentração, levava quase meia hora. Já passava das 20h quando o segundo embate começou. Nele, os chamados “tanks” (personagens com muita vida e resistência) foram decisivos para a vitória dos novatos da One.

A terceira partida começou às 21h30, mais de sete horas depois da abertura dos portões, mas a empolgação dos torcedores ainda era a mesma. Um bom desempenho do jogador da rota do topo da One, Vert, aliado a alguns erros da Pain garantiram a virada da equipe. 2 a 1, e muitos então acreditaram na vitória antes pouco provável.

No quarto e último confronto, diferente dos demais, a ação começou logo no primeiro minuto de jogo. Uma sucessão de ótimas lutas em grupo, abates e conquistas de objetivos causavam um barulho ensurdecedor vindo da torcida. Era praticamente impossível ouvir o que os narradores diziam. E bastou uma pequena brecha para a Team One crescer na partida e derrotar a Pain. 3 a 1 e um time estreante ganhava pela primeira vez a taça de campeão.

(Riot Games/Divulgação)

Depois do furacão

“É bizarro. A gente ganhou o CBLoL. Não faz sentido”, sussurrou o jogador Marf aos companheiros de equipe minutos antes da coletiva de imprensa começar, às onze da noite. Os jogadores, que comemoraram aos berros a vitória em frente a milhares de pessoas, ali se mostraram garotos tímidos, que não conseguiam acreditar na façanha. Eles agora embarcam para a China, onde representarão o Brasil no Campeonato Mundial de League of Legends, que começa no dia 23 de setembro.

Quanto a mim, restou o voo de volta para casa, no dia seguinte. Jogadores, jornalistas, narradores e todo o restante da produção acordaram e seguiram rumo ao aeroporto. Em 24 horas, dei um alô rápido para BH, conheci apaixonados por LoL, vibrei com a torcida a cada jogada brilhante e acompanhei de perto uma vitória improvável num campeonato que não faz feio a nenhum outro evento esportivo tradicional. E ainda deu tempo para comprar doce de leite.

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