Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A temperatura corporal média dos humanos está caindo

Até pouco tempo, acreditava-se que o valor padrão era 37ºC. Não é bem assim: estamos mais frios do que os nossos antepassados, e as mudanças no estilo de vida podem explicar o porquê.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 10 jun 2021, 11h07 - Publicado em 20 jan 2020, 18h48

Em algum momento da infância, você pode ter aprendido que a temperatura corporal considerada normal é de 37º C — alterações muito grandes nesse número podem ser sintomas de problemas de saúde. Mas essa informação está desatualizada em mais de um século, já que uma pesquisa indicou que a temperatura corporal dos seres humanos vêm caindo desde a Revolução Industrial.

O que hoje consideramos “normal” foi estabelecido em 1851, quando o médico alemão Carl Reinhold August Wunderlich mediu a temperatura das axilas de mais de 25 mil pessoas, chegando ao valor de 37º C. Desde então, o número tem sido aceito como padrão na medicina, incluindo por órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em um estudo publicado na revista eLife, porém, uma equipe de cientistas da Universidade Stanford, nos EUA, argumenta que esse valor está desatualizado, e que estamos ficando mais frios – literalmente. Os pesquisadores analisaram três bases de dados de períodos distintos: uma de soldados da Guerra Civil norte-americana (1861 a 1865), uma da década de 1970 e outra dos anos 2000 e 2010. No total, foram 677.423 amostras de pessoas diferentes (e épocas) diferentes.

A comparação entre as medições revelou que os homens de hoje têm uma temperatura média 0,59º C menor do que a dos homens que nasceram na primeira metade do século 19. As mulheres também estão mais frias: -0,23º C, em média. Em vez de 37º C, a nova temperatura padrão é de 36,62º C para homens – para as mulheres, o valor é ligeiramente maior. 

(Aqui no Brasil, tem gente que aprendeu na escola que a nossa temperatura média gira em torno dos 36,5ºC. Se você se encaixa nesse caso, então parabéns – está atualizado.)

Continua após a publicidade

Estudos anteriores já haviam encontrado uma possível redução na nossa temperatura média, mas essa inconsistência geralmente era atribuída à falta de confiabilidade em bases de dados antigas. Essa questão também surgiu no novo estudo – afinal, o controle da higiene, dos métodos utilizados e do quadro de saúde dos soldados na Guerra Civil dos EUA não era lá dos melhores, o que poderia afetar os resultados. 

Ao utilizar também de bases de dados mais recentes, porém, os pesquisadores argumentam que a queda não se deve a falhas, e sim a um padrão contínuo de perda de temperatura, década após década.

Nova vida, nova temperatura

Embora o estudo não aponte um motivo exato para essa redução da temperatura, os cientistas têm alguns palpites, como o conjunto de mudanças no nosso estilo de vida desde a Revolução Industrial: temos acesso mais fácil a roupas quentes, ambientes com temperatura controlada (seja com ar-condicionados, seja com aquecedores), somos mais sedentários, a dieta se tornou mais variada, etc..

Continua após a publicidade

Além disso, sabemos que outras características humanas, como altura e massa corporal, vêm se alterando ao longo das décadas – o que também pode influenciar o resultado do termômetro.

Mas o que parece ser mais decisivo para a mudança são os avanços da medicina. Na época em que Wunderlich estabeleceu o valor de 37º C, a expectativa de vida era de 38 anos, e uma parte significativa da população estava exposta a doenças como tuberculose ou gengivite. Com a popularização de vacinas, antibióticos potentes, processos de higiene mais adequados e um melhor padrão de vida em geral, os processos inflamatórios em nossos corpos caíram — desacelerando, assim, nosso metabolismo, o que se traduz em uma temperatura corporal mais amena. 

Apesar da nova descoberta, é importante destacar que a temperatura “normal” não é um valor único: na verdade, ela está mais para um intervalo. Algumas pessoas são naturalmente mais quentes que outras. Mulheres, por exemplo, têm temperaturas levemente maiores que a de homens – e elas se alteram durante o ciclo menstrual. Diferenças étnicas também influenciam, e o novo estudo se restringiu apenas a amostras de norte-americanos. Mesmo a temperatura de uma única pessoa pode variar, dependendo da parte do corpo ou do momento em que for medida. 

E não se assuste: você não vai precisar fazer ajustes nas contas para saber se está com febre ou não. A variação é muito pequena para afetar nossas vidas diretamente. Se você não quer abandonar o bom e velho 37ºC como padrão no termômetro, está tudo bem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.