Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A rã que cura?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 30 abr 2005, 22h00

Bia Labate

É uma terapia que pode causar enjôos, vômitos e diarréia, mas que tem feito sucesso. Uma secreção venenosa da rã kambô (Phyllomedusa bicolor), usada por índios amazônicos como os katukina, os kaxinawá e os yawanawá, para melhorar a caça e combater a preguiça, está se espalhando na indústria farmacêutica e nos circuitos de medicina alternativa das capitais. E causando polêmica. “Nas cidades, o kambô tem sido receitado para combater todos os tipos de males, de tendinite a TPM, se afastando do contexto original da caça”, diz a antropóloga Edilene de Lima, da Universidade Federal do Paraná, que conhece os katukina há 15 anos. Só que não há nenhuma pesquisa científica que comprove a eficácia da terapia. Por esse motivo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu no ano passado qualquer propaganda do kambô. Várias empresas, no entanto, têm mostrado interesse em explorá-lo. “Já existem cerca de 70 patentes sobre usos de substâncias isoladas na secreção da rã. Os índios estão preocupados com direitos intelectuais”, diz a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, da Universidade de Chicago, Estados Unidos, que faz parte de um grupo do Ministério do Meio Ambiente que discute o problema. Ninguém tem idéia de como administrar o problema, só se sabe que ele não vai se resolver tão cedo. “Conhecemos o remédio há muito tempo, mas agora o homem branco se interessou por ele. Não dá mais para segurar”, diz o cacique katukina Ni-í, para explicar por que aplica o kambô em São Paulo. “É a gente que sabe usar direito”.

O segredo do Kambô

Um índio kaxinawá* conta os detalhes do ritual com a rã

“O kambô era um pajé que morreu e virou uma rã. Antes de morrer, ele disse: ‘eu vou ajudar a curar doenças’. Tem uma época do ano em que a rã canta e aí sabemos que é uma boa hora para caçá-la. Conhecemos o canto de todas as rãs. Antes de pegar, é preciso pedir licença – e só o pajé pode capturá-la. Depois, a gente bate na cabeça do kambô com um palito. Sai um ·leite·, que a gente deixa secar até virar um pó. Aí fazemos três furos no braço da pessoa e colocamos o pó em cima. É bom tomar de três a cinco litros de caiçuma (tipo de bebida) de milho aquecida antes. A injeção é boa para quem tá enpanemado (imobilizado, enfeitiçado) e não consegue caçar nem pescar. Não acha nada. Atira e não acerta. Também damos injeção quando a pessoa está doente. Em criança a gente não dá, só depois dos 12 anos de idade. O kambô prepara o espírito do caçador. Ele fica forte, renovado e feliz com a caçada. Pega até anta”

* Ele não quis se identificar pois seu povo “ainda não tem uma posição definida sobre a divulgação do assunto”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.