A volta das sanguessugas
Hospitais europeus estão usando sanguessugas em microcirurgias, como forma de impedir a morte dos microvasos.
Modernos hospitais europeus estão se valendo de um recurso muito em voga na Idade Média. Nas microcirurgias, como reimplante de órgãos, onde são ligados vasos milimétricos, apelam para as repulsivas sanguessugas, parentes próximas das minhocas. Sua predileção pelo sangue pouco oxigenado das veias faz com que ajam feito drenos em regiões onde é impossível observar a olho nu se a circulação foi restabelecida. Assim, esses anelídeos – que há cinco séculos eram usados no tratamento de problemas tão diversos como varizes e apendicite – impedem agora a morte dos microvasos.
Em cerca de 20 minutos uma sanguessuga absorve até 15 mililitros de sangue, o correspondente a nove vezes o seu peso. Os europeus também querem produzir por Engenharia Genética um anticoagulante – a hirundina – que as sanguessugas injetam antes de iniciar a refeição. Explica Eva Kelin, do departamento de Patologia Experimental do Instituto Butantã, em São Paulo: “Como se combina diretamente com as moléculas que fazem o sangue coagular, a substância tem a vantagem de não provocar efeitos colaterais, ao contrario dos outros medicamentos conhecidos”.