No início do ano, o jornal inglês The Sunday Times – um dos mais populares em seu país – publicou uma série de reportagens divulgando teorias discordantes sobre a Aids. Era uma compilação dos estudos que negam ser o HTV o responsável pela falência do sistema imunológico. Estes, por sua vez, se baseiam na existência de quase 5 000 casos, no mundo inteiro, de pessoas com sintomas de Aids, cujo exame de sangue não acusa a presença do HIV. O jornal, claro, conseguiu repercussão, até por causa de brigas feias com alguns cientistas e com a imprensa especializada: a revista científica Nature, também inglesa, sugeriu no editorial o boicote à leitura daquele diário.
Recentemente, a Organização Mundial de Saúde se manifestou a respeito do assunto, apresentando números reveladores. Existe, de fato, uma misteriosa doença com jeito de Aids, mas sem o famoso vírus, que está sendo chamada de linfocitopenia CD-4 idiopática. No entanto, 78% de suas vítimas têm mais de 65 anos e não é novidade para os médicos que, na terceira idade, o sistema imunológico enfraquece. Para uma minoria, esse enfraquecimento poderia ser drástico, semelhante ao provocado pela Aids. Por essa hipótese, isso deve ter existido sempre. Mas, pelo fato de somarem menos de 4 000 idosos imunodeprimidos em todo o planeta, esses episódios não chamavam a atenção, antes da pesquisa da Aids.