Artérias pagam preço da guerra
Pesquisadores descobriram que pessoas submetidas a várias situações traumáticas causadas pela guerra tinham as artérias muito mais estreitas do que a média da população.
O conflito no Líbano, que já dura quinze anos, entre morticínios e armistícios, faz vítimas como menos se espera. Recentemente, ao entrevistar 127 pacientes que passaram por exames do coração em Beirute, a devastada capital do país, pesquisadores descobriram que pessoas submetidas a várias situações traumáticas causadas pela guerra tinham as artérias muito mais estreitas do que a média da população. Foram consideradas traumatizantes, por exemplo, ocorrências de parentes mortos, mutilados ou seqüestrados. Os pesquisadores também investigaram fatores crônicos de estresse, como falta de água ou energia e a necessidade de atravessar áreas perigosas da cidade.
Para a psicóloga Marilda Novaes Lipp, de Campinas, especialista em controle do estresse, o problema arterial dos libaneses se explica pela reação do organismo a qualquer ameaça; nessas ocasiões, o cérebro libera o hormônio adrenalina, produzido pelas glândulas supra-renais, que serve para manter a pessoa alerta e em melhores condições de defesa. “Se a ameaça é constante, como na guerra, o hormônio se acumula na circulação”, esclarece Marilda. “E adrenalina em excesso estreita as artérias.”