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Cientistas avançam na criação de vacina contra o câncer

A potencial vacina ataca tumores como se eles fossem vírus

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Atualizado em 31 out 2016, 18h58 - Publicado em 6 jun 2016, 21h01

Cientistas deram um grande passo para a criação de uma vacina universal contra o câncer. O avanço foi descrito por pesquisadores em um artigo na renomada revista científica Nature.

De acordo com a pesquisa, a vacina incita o sistema imunológico a produzir células T, que são capazes de atacar os tumores como se eles fossem vírus. Ela torna isso possível a partir da retirada de pedaços do código genético RNA do câncer e a introdução dessas porções em nanopartículas de gordura, que em seguida são injetadas na corrente sanguínea do paciente.

Diferentemente da maioria das vacinas em que a imunização é feita em pessoas com risco de adquirir uma doença, essa seria dada a indivíduos que já têm câncer. Até agora, os pesquisadores fizeram apenas testes em ratos e em três voluntários com melanoma.

No primeiro paciente, um nódulo diminuiu de tamanho depois de ele receber a vacina. O segundo, que teve tumores removidos cirurgicamente, ficou curado sete meses depois da imunização. Já os oito tumores do terceiro voluntário continuaram “clinicamente estáveis” após a vacinação.

Apesar de os sistemas imunológicos reagirem aos tumores, não existem provas concretas de que a vacina teve algum papel na recuperação dos pacientes. O estudo explica que o objetivo não era testar a sua eficiência, mas saber se ela era segura para aplicação em humanos.

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Até o momento, os efeitos colaterais foram limitados a sintomas semelhantes aos de uma gripe comum. Geralmente, pacientes em tratamento quimioterápico apresentam sintomas mais agressivos, como náusea, perda de cabelo e falta de apetite – sem contar que a imunidade geral do corpo fica tão baixa que a ocorrência de infecções é alta.

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Benefícios

De acordo com a equipe, um dos principais benefícios da potencial vacina é o baixo custo de produção. Até a pesquisa atual, os cientistas realizavam um processo longo e caro que consistia na criação em laboratório de células imunes focadas no combate ao câncer, que depois eram aplicadas nos pacientes.

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Agora, a vacina é feita em laboratório a partir do DNA do câncer e injetada nas células do sistema imunológico da pessoa. Além de ser menos invasiva, a técnica também pode ser ajustada para combater diferentes tipos de câncer.

“Desse modo, a abordagem de imunoterapia de RNA nanoparticulada pode ser considerada como uma nova classe de vacinas universalmente aplicáveis para a imunoterapia dos cânceres”, explica a equipe no estudo.

Contudo, se o sistema imunológico consegue atacar os tumores, por que ele não faz isso naturalmente? Segundo um comentário feito na pesquisa pelos imunologistas holandeses Jolanda de Vries e Carl Figdor, uma das razões para isso não acontecer é que as células cancerígenas são tão similares às células saudáveis que o sistema imunológico evita atacá-las.

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Por isso, segundo os pesquisadores, foi preciso desenvolver uma vacina que utiliza um antígeno – uma substância que incita uma resposta imune e que não é explícita em células normais. Este reveste o RNA do câncer em uma membrana simples e a entrega uma carga elétrica negativa. Quando a vacina é injetada no paciente, a carga é liberada nas células imunes nos nódulos linfáticos, no baço e na medula óssea. Em seguida, essas células revelam o RNA do câncer para as células do tipo T do corpo e as instigam a atacar todos os tumores do paciente.

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Futuro

Antes de iniciar um teste clínico maior, os cientistas precisam esperar doze meses para receber os resultados do exame de segurança feito nos três pacientes.

“Ao combinar estudos em laboratório com os frutos de um ensaio clínico em fase inicial, esta pesquisa mostra que um novo tipo de vacina poderia ser usado para tratar pacientes com melanoma, aumentando os efeitos de seus sistemas imunológicos”, disse Aine McCarthy, diretor de informação científica do Cancer Research UK, ao jornal The Telegraph.

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