Para quem acha que crianças viciadas em videogame são caso perdido, aí vai uma luz no fim da tela: os minissedentários de hoje podem ser os cirurgiões laparoscópicos de amanhã. Laparoscopia é o procedimento cirúrgico em que se fazem três ou quatro furinhos no paciente em vez de rasgá-lo de cima a baixo. Pelos furos, colocam-se ferramentas minúsculas e uma câmera – o laparoscópio – que envia imagens para uma tela de vídeo. O médico maneja a cirurgia por meio de um joystick e observa seus feitos pela tela. Dessa forma, um médico na China pode operar um paciente no Acre.
E quem prova os benefícios do videogame nessa área é o médico americano James Rosser, diretor de cirurgia minimamente invasiva e cabeça do Instituto de Medicina Tecnológica Avançada do Hospital Beth Israel, em Nova York. “Sou aficionado por videogames. Esses jogos me tornaram um melhor cirurgião”, afirma ele. Ao ouvir os mesmos comentários de colegas, ele resolveu pesquisar o tema: colocou 33 médicos para jogar games por cinco meses.
Durante os jogos, foram testados a habilidade motora, o tempo de reação, a coordenação entre olho e mão, a mira, a ênfase da mão não-dominante e a percepção de profundidade de compensação bidimensional – elementos essenciais durante a laparoscopia.
Rosser concluiu que, além de melhorarem na hora de costurar o paciente, cirurgiões que jogam videogame mais de três horas por semana têm 37% de redução de erros e terminam a cirurgia 27% mais rápido. E quem já jogou videogame alguma vez na vida tem uma margem de erro 28% menor e termina o procedimento 24% mais rápido. Uma bela desculpa para passar a noite jogando.