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Contágio no banheiro: descarga de tampa aberta espalha o novo coronavírus

Estudo feito na China mostra que “nuvem de micróbios” em torno do vaso pode se estender por quase 1 metro – e transmitir doenças infecciosas.

Por Guilherme Eler
19 jun 2020, 19h17

Tosses, espirros, conversas “de pertinho” com alguém infectado. Vírus transmitidos pelo ar e que podem sobreviver horas a fio em superfícies – como é o caso do causador da Covid-19 – são capazes de pular de um paciente contaminado para alguém saudável das maneiras mais inusitadas. Inclusive via partículas de cocô que espirram quando damos descarga com a tampa levantada.

Imagine o seguinte cenário: você está em um banheiro público, aguardando placidamente a sua vez para se aliviar. A pessoa que usou a cabine antes de você, no entanto, deixou um presentinho. Não, não estamos falando de um exemplar de “número dois” insistente, mas de um inimigo invisível: uma nuvem de partículas de fezes que paira em volta do troninho. Tudo porque o sujeito deu a descarga sem abaixar a tampa.

Caso quem estava à frente na fila tenha alguma doença infecciosa, você pode acabar inspirando essa nuvem de partículas de cocô, ou ainda, tocar em algo contaminado por ela – e, alguns dias depois, acabar doente. Principalmente se não estiver usando a boa e velha máscara.

Como explica este comunicado da Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP) do início de junho, ainda não existem evidências conclusivas sobre se alguém é capaz de contrair o novo coronavírus apenas tendo contato com fezes contaminadas. Isso porque não se sabe ao certo se o vírus eliminado junto aos dejetos ainda é capaz de infectar novos pacientes. Mas algumas pesquisas científicas anteriores (como esta, esta aqui e esta outra) já indicaram essa possibilidade.

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Cientistas ao redor do mundo, inclusive, vem testando esgoto de cidades na busca pelos rastros do Sars-CoV-2 – ainda que estudos preliminares indiquem essa é uma forma menos eficaz de se passar o vírus adiante do que um espirro, por exemplo.

O fato é que, caso se descubra que é possível contrair Covid-19 via cocô, é plenamente plausível que alguém fique doente apenas inalando seu odor desagradáveI. Isso porque partículas de fezes podem voar a pelo menos 91 centímetros de distância do vaso, e permanecer no ar por até 1 minuto.

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Foi o que demonstrou um modelo de computador criado na Universidade Yangzhou, na China, que corrobora com a ideia de que dá, sim, para ser infectado pelo novo coronavírus só pelo cheirinho de um toalete recém-usado. O estudo que detalha o modelo foi publicado na revista científica Physics Fluids.

Além dos banheiros públicos, onde raramente existem privadas com tampas para serem abaixadas, a pesquisa faz um alerta, também, para o uso de banheiros sem ventilação. Vale evitar ao máximo o contato com objetos que estão constantemente sobre a “nuvem de micróbios” dos banheiros, como porta-papéis e saboneteiras, por exemplo. Higienizar bem as mãos e manter a máscara também no interior da casinha são outras dicas de ouro, é claro.

Mas a moral da história, mesmo, é que de nada adianta limpar a casa inteira e dar um trato caprichado no banheiro se, na hora de mandar embora seus restos digestivos, você deixar a tampa do vaso aberta. Covid-19, afinal, é apenas um dos perigos dessa prática inconsequente. O próximo a usar o banheiro agradece.

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