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Crianças chamadas de “gordinhas” pelos pais ganham mais peso

Mesmo quando os filhos estão com o peso normal, a percepção dos pais pode levá-los a engordar mais que as outras crianças.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 1 jun 2016, 19h45

Uma criança com sobrepeso dificilmente esquece como é ser gordinha, mesmo depois que se torna adulta. O estigma da obesidade já é sentido desde essa fase e cria um ciclo vicioso – com medo de ser julgada ou maltratada pelos colegas, a criança gorda passa a evitar atividades físicas em geral, o que coloca sua saúde em risco.

As tentativas de proteger o corpo e a mente dos mais cheinhos têm piorado a situação. A aposta de escolas nos EUA e no Reino Unido tem sido medir a altura e o peso da criança e informar os pais caso exista sobrepeso. Isso porque eles acreditam que os pais não percebem quando o peso do filho está acima do normal e não estabelecem uma alimentação regrada em casa.

LEIA: Estresse e obesidade passam de pai para filho​

Pesquisadores dos dois países testaram essa hipótese com 3.500 crianças de 4 anos. Ela estava metade certa: 80% dos pais de crianças acima do peso achavam que o Índice de Massa Corporal dos filhos estava normal. Mas outros 20% tinham plena noção de que os filhos estavam gordinhos e isso não foi de muita ajuda.

O estudo acompanhou as crianças dos 4 aos 13 anos. Os participantes considerados gordos pelos pais ganharam mais peso nessa fase do que aqueles considerados normais. Segundo os autores, a relação era tiro e queda: todas as vezes que fizeram as medições ao longo desses nove anos, a percepção dos pais quanto ao corpo dos filhos previa um ganho de peso.

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A associação não tinha nada a ver com o corpo dos participantes em si, os cientistas garantem. Isso porque alguns pais achavam que seus filhos estavam com sobrepeso quando seu IMC era totalmente normal. Ao longo dos anos, essas crianças também apresentaram ganho de peso, igualzinho àquelas que estavam realmente gordinhas.

LEIA: Orgulho gordo: uma bandeira da ciência​

Se o ganho de peso não é uma questão de tipo físico, os autores acreditam que as causas sejam psicológicas. Passar pelo estigma da obesidade durante essa fase de desenvolvimento, vendo o estereotipo negativo de ser gordo espalhado pela mídia, é um dos fatores de risco para desenvolver compulsões alimentares. A comida vira uma forma de consolo e a criança gordinha vira o adolescente obeso. Em vez de se traduzir em uma mudança positiva de hábitos, a percepção dos pais do sobrepeso dos filhos se torna uma profecia autorealizada.

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