E-drug dá barato?
Não há provas de que drogas em MP3 funcionam. Mas, mesmo assim, podem viciar
Vanessa Vieira
Drogas sonoras são trilhas compostas com tons binaurais, ou seja, dois sons de frequências levemente diferentes escutados cada um por um ouvido. A ideia dos fabricantes é que, na tentativa de equalizar os dois tons, o cérebro altere sua atividade, induzindo-o a estados de excitação ou relaxamento.
Se funciona? Relatos de e-chapados dizem que sim. “Eu tinha uma sensação comparável à de um orgasmo”, conta o usuário Gabriel no site I-Doser. Só que não existe prova científica disso. Em um estudo feito pelo National College of Natural Medicine, dos Estados Unidos, voluntários foram observados antes, durante e depois de ouvir trilhas binaurais e não binaurais. As e-drugs não levaram a nenhuma alteração significativa nas correntes elétricas do cérebro.
Mas segundo James Lane, diretor do laboratório de psicofisiologia da Universidade Duke, também nos EUA, quem estiver disposto poderá sentir alterações. “Uma música ritmada nos faz bater o pé sem perceber”, diz. A e-drug tem o mesmo efeito. Se você quiser, pode se sentir estimulado pela droga.
Além de incerta, a e-drug pode viciar, segundo a psiquiatra Ana Cecília Marques, da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas. É como o vício em compras. O cérebro pode pedir mais e mais, mesmo que não haja efeitos químicos.
2. Na tentativa de sincronizar os dois tons, o cérebro passaria a operar na frequência resultante da diferença entre as duas.
3. Cada frequência é relacionada a uma sensação diferente.