Lorena Guzmán H.
Um raio infravermelho responde ao movimento dos seus olhos, de suas pálpebras e dos músculos de suas bochechas. E estas são as únicas formas que restaram a Stephen Hawking, o mais conhecido físico do mundo, para se comunicar com o Universo. No começo de setembro, David Pond, assistente de Hawking, revelou que a saúde do físico se deteriorou de tal jeito que seus dedos não têm mais força para controlar o computador unido à sua cadeira de rodas. Hawking ainda se expressa, mas com bastante dificuldade: redigir uma frase curta pode levar dezenas de minutos. Nenhum médico se arrisca a dizer o que acontecerá com ele. O seu mal, esclerose lateral amiotrófica, destrói gradualmente células do cérebro e da medula espinhal que controlam os músculos. Segundo os médicos, ele deveria ter causado a morte em apenas 3 anos. Já dura mais de 42, o que o torna o doente que mais tempo viveu com essa doença na Grã-Bretanha. É um caso tão raro que é quase impossível saber se a recente deterioração é um passo antes da morte ou não. Ela pode provocar uma falha nos pulmões ou tornar o seu corpo tão frágil que uma simples gripe se tornaria fatal – assim como pode permanecer estável por muitos anos.
Hawking soube de seu mal aos 21 anos. Seguiu adiante, formou-se doutor em cosmologia e tornou-se professor na prestigiada Cátedra Lucasiana em Cambridge, que pertenceu a Isaac Newton. Sua última assinatura foi no velho livro que guarda a firma de todos os que ocuparam essa cadeira. Na época, já era conhecido por ter descoberto que os buracos negros, astros com tanta gravidade que não deixam escapar nem a luz, não são completamente escuros: eles emitem uma radiação que depois desaparece. Em 1985, uma traqueotomia feita para salvá-lo de um ataque de pneumonia tirou sua voz quando terminava de ditar o primeiro rascunho de Uma Breve História do Tempo, mas mesmo assim ele transformou o livro no primeiro de uma série de best sellers. Resta saber o que mais uma mente dessas pode transmitir apenas com um piscar de olhos.