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Estamos mais perto que nunca de impedir a metástase do câncer

Cientistas na Alemanha descobriram como o tumor se aproveita da corrente sanguínea para se espalhar pelo corpo - e estão chegando perto de uma estratégia para parar essa ameaça.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 18h58 - Publicado em 29 ago 2016, 15h15

O câncer por si só já é uma doença assustadora. E a metástase é a sua face mais perigosa – quando um câncer primário cai na corrente sanguínea, pode se espalhar rapidamente por qualquer parte do corpo e se tornar uma ameaça mortal. Agora, um grupo de pesquisadores alemães acredita ter encontrado o segredo do mecanismo de migração do câncer – que também pode conter a chave para impedir que ela aconteça.

A metástase começa quando algumas células individuais se separam do tumor principal e entram no sistema circulatório. Dali, elas viajam livremente para qualquer parte do corpo, mas também estão mais vulneráveis ao sistema imunológico. Por isso, para que o câncer se espalhe, as células do tumor precisam entrar e sair da corrente sanguínea de um jeito rápido e eficiente.

Cientistas do Instituto Max Planck e da Universidade Goethe descobriram a estratégia que os tumores mochileiros usam para fugir dos vasos sanguíneos. Eles precisam atravessar a barreira do endotélio, que “forra” o interior dos vasos. Para isso, eles tiram proveito de um mecanismo natural das células e direcionam o ataque a uma molécula especial, chamada de “Receptor da Morte 6”.

As nossas células já são programadas para “suicídios coletivos” – e isso é totalmente normal. Quando sofrem danos no DNA, infecções de vírus ou se tornam obsoletas, elas simplesmente morrem. Podem fazer isso de um jeitinho organizado e silencioso, chamado de apoptose, ou mais escandaloso, chamado de necroptose, que causa uma resposta inflamatória no corpo.

Algumas moléculas são chamadas de Receptores da Morte porque são elas que recebem o sinal de suicídio programado do corpo. O que os cientistas observaram em laboratório é que os tumores ativam o Receptor da Morte 6 fora de hora, mas ele faz o seu trabalho mesmo assim: leva à necroptose, um dos tipos de autodestruição das células nos arredores. E aí a barreira endotelial fica fraca e vulnerável à passagem das células cancerosas para outros órgãos do corpo. O câncer usa essa brecha para se espalhar, concluíram os alemães.

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Descobrir um dos “meios de transporte” da metástase já seria um avanço e tanto, mas os pesquisadores também tentaram impedir a movimentação do tumor. Para isso, eles desabilitaram o Receptor da Morte 6 em ratinhos geneticamente modificados. Deu certo: os animais apresentaram menos necroptose e menos metástase.

Os resultados são extremamente promissores para a batalha contra o câncer. Mas ainda estamos longe de bloquear totalmente a metástase. Primeiro, os pesquisadores precisam ter certeza que desabilitar o RM6 não vai trazer outros problemas para o corpo. Depois, precisam confirmar se os resultados vistos em ratos se repetem em células humanas.

Por último (e mais importante): o câncer é uma doença inteligente – ele se desenvolve e se espalha de formas terrivelmente complexas. Mal chegamos perto de entender como funciona a metástase na corrente sanguínea e já aparecem sinais de que os tumores podem se espalhar sem usar o sistema circulatório. Ou seja: uma solução só não vai resolver todos os casos, mas pode aumentar as chances de sobrevivência de muita gente.

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