Sim, viver em permanente estado de irritação pode aumentar os riscos de uma série de doenças. Mas atribuir ao estresse o desenvolvimento de uma úlcera é um tremendo equívoco. Segundo o médico Ricardo Barbuti, secretário geral da Federação Brasileira de Gastroenterologia, úlceras se desenvolvem principalmente em duas situações:
Por uso abusivo de anti-inflamatórios do tipo não esteroidal, como o ácido acetilsalicílico (que todo mundo consome sob a forma de aspirina e afins) e o ibuprofeno (presente nos comprimidos contra dor de cabeça). Esses medicamentos bloqueiam a produção de prostaglandina, uma enzima que protege a parede estomacal; quando ela falta, os ácidos digestivos podem corroer o próprio estômago e lesioná-lo.
Por ação de uma bactéria chamada Helicobacter pylori, capaz de destruir o revestimento estomacal em certas circunstâncias. Estima-se que até 70% da população brasileira possam estar infectados por ela. Em 90% dos casos, entretanto, a pessoa acaba não desenvolvendo úlcera alguma.
“Para que a H. pylori leve ao surgimento de uma lesão estomacal, é preciso não apenas que a bactéria seja muito resistente. As defesas do organismo precisam estar muito fracas também”, diz Barbuti. Como evitar que isso aconteça? Levando uma vida saudável – e sem estresse, é lógico. De acordo com o médico, uma pessoa estressada tende a fumar mais, comer mal, dormir pouco… E são esses os fatores que aumentam a chance de uma úlcera aparecer.