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Estudo associa uso frequente de Viagra e Cialis a doenças graves nos olhos

Alteração no fluxo sanguíneo provocada pelos remédios para disfunção erétil pode estar por trás de casos que levam até à perda definitiva da visão.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 12 abr 2022, 15h41 - Publicado em 12 abr 2022, 15h36

Má notícia para os adeptos do uso recreativo de remédios para disfunção erétil. 

Pesquisadores encontraram uma forte ligação entre o consumo recorrente de fármacos como sildenafil (nome genérico do Viagra) e tadalafila (Cialis) e doenças graves nos olhos. Esses medicamentos são vendidos em qualquer farmácia brasileira sem prescrição médica.

Um estudo realizado pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, divulgado no dia 7 de abril, apontou que o risco de desenvolver três problemas oculares específicos aumenta em até 85% entre usuários regulares dessas drogas.

Essas condições incluem o descolamento seroso da retina, quando há acúmulo de fluido sob a retina, mesmo sem que haja um rasgo ou ruptura para a passagem desse líquido. Trata-se de um tipo raro de descolamento, ligado a um mau funcionamento vascular. Os pacientes experimentam o aparecimento súbito de manchas ou imagens flutuando em seu campo de visão, e também podem ver flashes de luz. 

Outra doença grave associada ao uso desses remédios é a neuropatia óptica isquêmica, uma lesão do nervo óptico (com ou sem inflamação das artérias) que é o pior dos mundos: leva à perda da visão, que não tem como ser revertida.

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A terceira enfermidade identificada no estudo é a oclusão venosa da retina, quando há um tipo de trombose, e o sangue levado pela artéria não tem como ser drenado, passando a vazar dentro da retina, provocando inchaço e sangramento. O caso aqui também é grave. Pode haver tanto embaçamento da visão e surgimento de manchas escuras quanto cegueira mesmo.

Suspeitas apontam para mudança no fluxo sanguíneo

Para os pesquisadores, embora ainda não haja uma confirmação de causa, a maior probabilidade é que os problemas nos olhos estejam relacionados ao impacto dos medicamentos para disfunção erétil no fluxo sanguíneo.

Viagra, Cialis e outras marcas funcionam justamente dando um empurrãozinho nesse fluxo na hora do sexo. Eles favorecem o relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos (principal estrutura erétil do pênis) e a dilatação das artérias que levam o sangue até eles, facilitando a entrada desse sangue no órgão e, consequentemente, favorecendo a ereção. Mas desde que haja estímulo sexual. 

Só que o efeito vasodilatador dessas drogas se estende para o resto do corpo (inclusive a região dos olhos). É o que explica usuários ficarem com o rosto vermelho ou uma leve taquicardia. 

Oftalmologista, urgente!

O estudo envolveu os registros de seguro de saúde de 213.033 homens americanos. Esses indivíduos não tinham histórico de doenças oculares até que uma parte deles começou a usar regularmente medicamentos para disfunção erétil.

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Os pesquisadores descobriram que, entre os participantes, os usuários desses remédios se mostraram 2,58 vezes mais propensos a desenvolver o descolamento seroso da retina, duas vezes mais suscetíveis a ter uma neuropatia óptica isquêmica e quase 1,5 vez mais para oclusão venosa da retina. 

Segundo o professor Mahyar Etminan, autor do estudo, essas condições graves, embora raras, podem afetar um número significativo de homens, uma vez que 20 milhões de receitas são distribuídas mensalmente nos EUA para o uso de pílulas como Viagra e Cialis.

“Usuários regulares dessas drogas que encontram alguma alteração em sua visão devem levá-la a sério e procurar atendimento médico”, recomendou Etminan.

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