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Exercício físico não vai te ajudar a perder muito peso

Não precisa cancelar a matrícula na academia. Mas não é a malhação que vai fazer a diferença na hora de perder quilos extras

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 29 Maio 2018, 11h07 - Publicado em 30 jun 2016, 17h00

Você foi enganado: as aulas de spinning, body pump, crossfit ou qualquer que seja o exercício da moda não vão ajudar muito se o que você busca é perder peso.

Calma, não jogue fora o tênis de corrida ainda. Exercício físico é muito importante para saúde — só não é a medida mais eficiente para ajudar a eliminar quilos extras.

Só aumentar a rotina na academia, sem mudar nada na alimentação, tem um impacto muito pequeno no peso. A jornalista canadense Julia Belluz, do site Vox, analisou mais de 60 pesquisas sobre emagrecimento para chegar à conclusão de que a atividade física é muito menos eficaz do que imaginamos.

Um time de pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde americano simulou as mudanças físicas em um homem de 90 kg que passa a correr 1 hora por dia, 4 vezes por semana, comendo a mesma quantidade de calorias do antes de começar a se exercitar. Nesse ritmo — que não é nada leve — o rapaz perderia, no máximo, 2,2 kg por mês.

A taxa de emagrecimento diminui ainda mais se ele passar a descansar (sentar ou deitar) mais do que antes ou comer em maior quantidade. E o cenário é muito comum: em primeiro lugar, sentimos mais fome depois de malhar. Além disso, acreditamos que merecemos aquela comida calórica — e, às vezes, um único pedaço de pizza (dos três que você comeu até estar satisfeito) já acabou com o déficit calórico criado pela corrida.

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Falando em déficit calórico, está aí a raiz da ineficiência do exercício para perder peso. Se exercitar sem mudar a dieta acaba sendo uma ótima forma de manter o mesmo peso. Para emagrecer, você precisa queimar mais do que consome. O problema é que malhar — por mais exausto que você fique — só dá conta de gastar de 10% a 30% das suas calorias diárias. Para ter ideia de quão pouco isso representa, você gasta 10% só digerindo comida, sem fazer qualquer esforço.

Outra pesquisa descobriu, inclusive, que não dá para aumentar seus gastos calóricos praticando cada vez mais exercícios. Uma hora seu corpo corta essa onda de gastar tanta caloria. Aí, a quantidade de energia gasta se estabiliza, o que justifica porque a porcentagem de calorias queimadas com exercício não aumenta.

Quem coordena essas tarefas é o metabolismo basal. Ele determina quanta energia o corpo gasta para funcionar, e varia muito de pessoa para pessoa. Enquanto alguns gastam 80% do que comem literalmente só para existir, outros só vão queimar 60%. Segundo a ciência, poucas coisas conseguem, de fato, alterar significativamente seu metabolismo: no fundo, aquele suco detox faz pouca diferença.

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Esses resultados chamam a atenção para a forma como pensamos na obesidade na nossa sociedade. Ela é a doença que mais cresce no mundo — e, por isso, até os próprios cientistas acreditavam que ela tem a ver com o nosso estilo de vida sedentário. Mas um outro estudo com uma das últimas tribos caçadoras do mundo, em que as pessoas passam o dia em movimento, deu o golpe final no mito do exercício.

A experiência foi feita com a comunidade Hadza, na Tanzânia, que precisa coletar e caçar para sobreviver. Usando um respirômetro para medir quanto CO2 era expirado pelos caçadores — a melhor forma de medir quanta energia é gasta — os pesquisadores de Hunter College em Nova York perceberam que eles não queimam muito mais calorias que nós, ocidentais, sentados nas nossas cadeiras de escritório.

A estrutura corporal dos Hazda, porém, é mais atlética que a nossa e existem poucos obesos entre eles. O que os pesquisadores concluíram é que, se eles não estão gastando mais energia que a gente, estão consumindo menos calorias — e, na prática, eles não têm o hábito cultural de comer mais do que precisam.

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Esse conjunto de pesquisas traz apoio ao que o professor Yoni Freedhoff, da Universidade de Ottawa, defende há anos: precisamos “reetiquetar” o exercício — e tirá-lo da sessão perda de peso.

Não é que sua turma do crossfit esteja errada: vocês saem das aulas mais felizes, dormem melhor, têm menos pressão alta e colesterol ruim. Só que, sem restringir suas calorias, todo esse pique não vai impactar muito a balança — nem apagar o McDonald’s que você comeu no fim de semana.

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