Texto Rafael Tonon
As mulheres têm várias opções de método anticoncepcional, mas para os homens a única saída (tirando a camisinha, que não é 100% segura) é fazer uma vasectomia – que nem sempre pode ser revertida. A tão sonhada “pílula do homem”, que a medicina persegue há décadas, ainda vai demorar (leia texto ao lado). Mas estão surgindo tecnologias que prometem revolucionar o controle de natalidade. O ultra-som, por exemplo: o que hoje em dia serve para filmar os bebês no útero poderá, no futuro, evitar que eles apareçam. A idéia é aplicar ultra-som sobre os testículos, o que causa um leve aquecimento neles e gera um efeito anticoncepcional que supostamente dura 6 meses. O procedimento é indolor e dura cerca de 10 minutos. Cientistas americanos estão testando o sistema em ratos e vão divulgar os resultados em janeiro.
Outra proposta, ainda mais surpreendente, é o controle remoto que evita filhos. Isso mesmo. Uma pecinha de silicone seria implantada no canal deferente (duto por onde passam os espermatozóides, entre os testículos e o pênis). Antes de fazer sexo, bastaria acionar um controle remoto. Ele envia sinais de radiofreqüência para um chip, dentro da peça de silicone, que começa a vibrar. Isso altera o formato da pecinha de silicone, obstruindo a passagem dos espermatozóides. Para voltar a ser fértil, é só desligar o chip via controle remoto. A tecnologia, que foi criada na Austrália e vai ser testada em animais, usa uma fre-qüência especial para evitar que outras fontes de sinal (transmissões de TV, rádio, microondas etc.) causem interferência – e o controle, literalmente, dê pau.
E a pílula, cadê?
As empresas farmacêuticas investiram nela, e há estudos em estágio avançado. Mas, até agora, a “pílula do homem” não chegou ao mercado – acredita-se que, na melhor das hipóteses, vá levar mais 8 anos para se tornar realidade. Por quê? Por um motivo simples: ela não é muito confiável. Enquanto o contraceptivo feminino tem eficácia de 98,8%, o masculino fica abaixo de 90%. Além disso, os especialistas acham que existe uma barreira cultural. “Os homens são muito machistas. Se eles ainda têm uma resistência enorme em ir ao urologista, imagine assumir que tomam pílula anticoncepcional? É uma postura muito difícil de ser mudada”, afirma Sandro Esteves, da Sociedade Brasileira de Urologia.