Inimigo mortífero
A Medicina ainda busca a cura de doenças terríveis como o câncer, a Aids e o mal de Alzheimer.
O câncer chega ao final do século como o maior desafio da Medicina. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada ano ele atinge pelo menos 9 milhões de indivíduos e mata cerca de 5 milhões. Até o início do século, a única forma de combatê-lo era a extirpação cirúrgica do tumor. A alternativa da radioterapia surgiu em 1906, quando o urologista americano Alfred Gray destruiu um tumor na bexiga de um paciente com uma aplicação de raios X. Atualmente, ela é feita com um aparelho chamado acelerador linear, capaz de grande precisão ao apontar os raios para o tumor. A radioterapia tem a vantagem de atacar o câncer localmente, sem envolver outras áreas do corpo. A desvantagem é a destruição de células saudáveis junto com as cancerosas.
A quimioterapia anticâncer nasceu na Segunda Guerra Mundial, a partir das pesquisas sobre o efeito de uma das mais terríveis armas químicas, o gás mostarda. Os farmacologistas americanos Louis Goodman e Alfred Gilman descobriram que, aplicando pequenas quantidades desse gás em ratos com tumor nas células linfáticas, faziam o câncer desaparecer. Com algumas mudanças, a substância passou a ser utilizada para combater a mesma doença em seres humanos. Desde então, a quimioterapia progrediu muito, com medicamentos cada vez menos nocivos para os pacientes e mais agressivos para o câncer.
Na área da prevenção, o século também contabiliza avanços. Em 1928, o patologista americano George Papanicolao criou um teste para detectar o câncer o aparelho genital feminino ainda a tempo de tratá-lo com sucesso. Hoje já é possível prevenir muitos outros tipos de tumor. Alguns cuidados, como largar o cigarro, também ajudam. Já faz sessenta anos que, em 1939, o geneticista americano Franz Muller provou que o tabaco causa câncer de pulmão. Ele começou a desconfiar quando percebeu que a doença estava aumentando na proporção em que crescia a venda de cigarros nos Estados Unidos.
Em 1981, foram notificados
Os primeiros casos de uma doença que já fez 14 milhões de mortes, a Aids, sigla em inglês da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Sua causa – o vírus HIV – só foi descoberta em 1983, pelo virologista francês Luc Montagnier e pelo oncologista americano Robert Gallo. A cura ainda não chegou, mas a Medicina está cada vez mais perto dela. Em 1987 começou a ser usado em larga escala o AZT, o primeiro medicamento a atacar o vírus, mesmo sem destruí-lo por completo. Novo passo foi dado em 1996, quando o virologista americano David Ho apresentou um coquetel de drogas que impede a reprodução do HIV. As mortes entre os que tomam esses remédios vem caindo drasticamente.
Quartel-general ameaçado
A degeneração do cérebro e do sistema nervoso é um osso duro para a Medicina roer.
A memória que se apaga aos poucos
Durante a autópsia de um homem com distúrbios mentais graves, em 1906, o neurologista alemão Alois Alzheimer (1846-1915) percebeu uma anomalia no cérebro. Estava descoberto o mal de Alzheimer, uma doença que destrói os neurônios. Ela ataca os idosos e se agrava com o tempo, até a morte. O primeiro sintoma é a perda da memória. Vítima desse mal, o ex-presidente americano Ronald Reagan, de 88 anos, se retirou da vida pública em 1995.
Mãos trêmulas, rosto inexpressivo
Das doenças associadas à velhice, o mal de Parkinson é uma das mais comuns. Diagnosticada pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson (1755-1824), é causada pela destruição das células cerebrais que produzem a dopamina, neurotransmissor ligado aos movimentos do corpo. Os sintomas mais visíveis são o tremor nas mãos e a perda da expressão do rosto. Entre as vítimas ilustres está o americano Mohamad Ali, de 57 anos, ex-campeão mundial de boxe na categoria dos pesos pesados.
Quando os músculos perdem a força
O americano Lou Gehrig (1903-1931), um famoso jogador de beisebol, ficou conhecido na Medicina por causa da doença do sistema nervoso que o matou aos 28 anos. A esclerose lateral amiotrópica, chamada desde então de mal de Lou Gehrig, provoca a atrofia dos músculos e costuma matar em até cinco anos. O brilhante físico inglês Stephen Hawking, de 57 anos, é uma exceção. Sua doença está estagnada há mais de vinte anos e ele continua ativo.