Até recentemente, os especialistas acreditavam que 95% dos indivíduos infectados pelo vírus da Aids, o HIV, fatalmente morreriam em dez anos. Não é bem assim. No dia 30 de março, a médica Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, divulgou, por meio do New England Journal of Medicine, o caso de uma criança que simplesmente eliminou o HIV de seu organismo. Esse caso parece confirmar diversos estudos recentes. Eles mostram que pelo menos 17% dos indivíduos infectados há mais de dez anos estão enfrentando tão bem o vírus que não desenvolveram a doença.
Mas, o caso relatado por Yvonne Bryson é espantoso. A série de testes feita desde o nascimento da criança, filha de mãe portadora, alternou resultados positivos e negativos. E, aos 12 meses, o vírus havia desaparecido definitivamente.
Por quê? É a pergunta que toda a comunidade científica se faz. Para aumentar a perplexidade de todos, Yvonne já divulgou um novo caso idêntico, de uma menina de 4 anos e meio. Quantos mais não terão passado pela peneira da pesquisadora?
Quase tão surpreendente quanto essas crianças é o ótimo estado de saúde em que se encontra o mais antigo portador do HIV de que se tem notícia. Ele está infectado há dezessete anos e a contagem de suas células CD4, que indica a situação do sistema imunológico, oscila em torno de 1 000 (o normal é acima de 500). Em outros portadores, a contagem de CD4 varia tanto que é impossível estabelecer um parâmetro. Por quê? Imagina-se que a guerra esteja equilibrada. Um dia vence o vírus, noutro o organismo que o hospeda. Será que o HIV já não é o mesmo? Ou são essas pessoas que têm um supersistema imunológico? Ainda não se sabe, mas a resposta a essas questões certamente poderá abrir um atalho no complicado caminho para a cura da Aids.