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Plantas com genes estrangeiros precisam de rótulo e mais testes

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h33 - Publicado em 28 fev 1999, 22h00

Os alimentos geneticamente modificados podem fazer mal à saúde ou à natureza?

Já houve casos trágicos. Em 1989, 37 americanos morreram após consumir complementos alimentares feitos a partir de uma planta modificada para produzir mais triptofano, um nutriente. Por acidente, ela passou a fabricar também toxinas letais. “Hoje, os alimentos transgênicos são testados em pelo menos três espécies de animais antes de chegar ao homem. Esses testes, mais rígidos, detectariam a falha”, diz o farmacêutico Flávio Finardi Filho, da Universidade de São Paulo.

Outro risco é que as plantas modificadas – que começam a ser produzidas em breve no Brasil – repassem a bactérias presentes no intestino humano uma resistência a antibióticos (veja por que no infográfico abaixo). Uma pesquisa feita este ano na Holanda mostrou que há uma chance em 10 milhões de isso acontecer, algo remoto, embora possível. “Mas já existem técnicas que dispensam o uso dos antibióticos, tornando os transgênicos mais seguros”, diz o biólogo molecular Francisco Aragão, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília.

Há ainda a questão das alergias. No início desta década, foi cultivada nos Estados Unidos uma soja que, para ficar mais nutritiva, recebia um gene da castanha-do-pará. Só que ela produzia uma substância à qual alguns indivíduos são alérgicos. Antes de ser retirado do mercado, o grão levou dezenas de americanos ao hospital, com problemas que iam de dor de barriga a diarréias graves. “Os exames feitos antes não puderam prever o perigo porque as alergias variam muito de um organismo para outro”, afirma Sezifredo Paz, coordenador da área de saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), em São Paulo. “O produto deveria ter sido rotulado”, defende Finardi.

Com relação à natureza, a maior preocupação é a diminuição da biodiversidade. “Um dos temores é que os agricultores passem a cultivar só plantas transgênicas, deixando as demais desaparecer”, diz a agrônoma Karen Suassuna, da organização ecológica Greenpeace, em São Paulo.

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O gene da discórdia

Há uma chance remota de que alimentos transgênicos tornem bactérias do intestino resistentes a antibióticos.

1. Imagine que se quer produzir um tomateiro que dê frutos mais vermelhos. O gene da cor vermelho forte é isolado e introduzido em uma bactéria, a Agrobacterium, que vai “infectar” as sementes de outros tomateiros misturando seus genes com os delas.

2. Junto, para ter certeza de que a bactéria foi mesmo modificada, os cientistas injetam também um gene de resistência a antibióticos.

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3. A Agrobacterium se reproduz. Então os cientistas jogam sobre a cultura o tal antibiótico ao qual elas deveriam ser resistentes. As que sobrevivem são separadas. Com isso, eles sabem que ocorreu a fusão genética

4. As bactérias selecionadas são postas junto com as sementes e seus genes pulam para a planta. Quando crescer, o tomateiro carregará o gene do vermelho e o que confere resistência a antibióticos.

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5. O tomate vai para a salada. Se o gene da resistência não for destruído no estômago, há uma entre 10 milhões de chances de que ele passe às bactérias do intestino.

6. Se um dia as bactérias mutantes passarem a se reproduzir além da conta, aquele tipo de antibiótico não será capaz de matá-las.

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