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Sangue de pacientes curados de Covid-19 passa a ser usado como tratamento

A ideia, aprovada nos EUA, é injetar anticorpos de outras pessoas nos pacientes com risco de morte, para estimular uma reação.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 31 mar 2020, 10h26 - Publicado em 26 mar 2020, 18h42

Hospitais de Nova York devem começar na próxima semana a usar sangue de pacientes curados do novo coronavírus para tratar infectados em estado emergencial. A ideia é utilizar o plasma – porção sanguínea com anticorpos desenvolvidos.

Só em Nova York, já são mais de 25 mil infectados e 281 mortes até a noite desta quinta (27). A Organização Mundial da Saúde (OMS) alega, inclusive, que os Estados Unidos estão caminhando para se tornar o novo epicentro da doença.

O comunicado foi feito no início da semana (23) por Andrew Cuomo, governador de Nova York. Ele anunciou que a Drug and Food Administration (FDA) – a Anvisa dos EUA – autorizou o uso do plasma em situações emergenciais, classificando-o como “novo medicamento em investigação”. Dessa forma, cientistas também poderão realizar ensaios clínicos com transfusões de sangue e confirmar a efetividade.

Mas como vai funcionar? Primeiro, o médico deve avaliar a situação do paciente, vendo se há risco de vida. Então, deve enviar à FDA a ficha do infectado solicitando permissão para o uso de plasma. A resposta chega entre 4h e 8h depois. Após a infusão, espera-se que o paciente deixe de apresentar deficiência respiratória. E que ganhe o tempo que precisa para que seu organismo se livre do vírus por conta própria. 

Caso as respostas ao método sejam positivas, pesquisadores pretendem aplicá-lo também em médicos e enfermeiros contaminados, já que eles precisam estar saudáveis para seguir trabalhando.

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O nome da técnica é “terapia passiva de anticorpos” – é que, ao invés de a pessoa ter de gerar os anticorpos, eles chegam prontos, de outra pessoa que os desenvolveu. E o que temos é uma blitzkrieg, uma “guerra relâmpago” contra o vírus. 

Hospitais universitários aproveitaram para enviar protocolos à FDA pedindo autorização para a realização de ensaios clínicos. Dessa forma, pesquisadores poderão comparar o quadro de pacientes que passaram pela infusão com outros submetidos a um placebo (procedimento sem interação no organismo), registrando em números a efetividade. Pesquisadores chineses também estavam realizando testes com plasma desde o início da doença na China, mas os resultados não foram divulgados.

Em 2002, durante o surto da SARS (síndrome respiratória aguda grave) foi feito um estudo em Hong Kong com 80 pessoas, para testar o procedimento. Viram que aqueles que receberam plasma de pacientes curados tinham maior chance de receber alta em menor tempo do que o grupo que não havia passado por infusão. Em 2014, na epidemia de ebola, também usaram o método, mas não há dados suficientes para comprovar a real efetividade. 

A transfusão de sangue é uma solução rápida e relativamente barata. A doação de sangue também não apresenta grandes riscos – é um procedimento-padrão em todos os hospitais do planeta. Além disso, todos os países que enfrentam a Covid-19, consequentemente, têm doadores em potencial. Basta ver se a estratégia será implantada em outros locais além da China e Estados Unidos. 

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