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Teste promissor de vacina contra o HIV falha na África do Sul

Vacinas contra o vírus poderiam frear a epidemia mundial de Aids. O problema é que, até hoje, nenhuma apresentou resultados satisfatórios.

Por Carolina Fioratti
4 fev 2020, 18h13

O estudo Uhambo (chamado oficialmente de HVTN 702), tido como um dos mais promissores entre os que buscavam criar uma vacina contra o vírus HIV, causador da Aids, foi interrompido por não apresentar resultados convincentes. As pesquisas aconteciam desde 2016 na África no Sul, país com uma das maiores epidemias de Aids do mundo, e se baseavam em um ensaio clínico anterior feito na Tailândia, o RV144.

A notícia é desoladora para especialistas da área pois, apesar de existirem tratamentos que permitem a um paciente conviver com o vírus, a única forma de barrar a epidemia seria criar vacinas preventivas. Mais de três décadas após a descoberta do HIV, estima-se que 1.7 milhão de pessoas ainda contraiam o vírus todos os anos.

O teste conduzido na Tailândia em 2009, que orientou o Uhambo, foi o único até hoje a apresentar relativo grau de sucesso: 31%. Ou seja, 31 em cada 100 participantes (foram testados 16 mil no estudo) que receberam a vacina apresentaram menor taxa de infecção em comparação a aqueles que receberam apenas um placebo – procedimento sem efeito ativo, mas que envolve a crença do paciente de que está sendo tratado. Isso aumentou as expectativas para testes seguintes – como o HVTN 702.

Ao longo de quatro anos, participaram do estudo Uhambo mais de 5.400 voluntários HIV negativos, de 14 lugares da África do Sul. O grupo era formado por homens e mulheres entre 18 e 35 anos, todos sexualmente ativos. Os participantes foram aleatoriamente divididos para receberem seis doses da vacina experimental ou da vacina de placebo ao longo de 18 meses. Mas os resultados ao fim do período não mostraram diferença alguma. Foram, ao todo, 129 infecções por HIV por aqueles que receberam a vacina oficial e 123 por quem recebeu o placebo. 

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Acredita-se que a discrepância na taxa de eficácia entre o estudo da Tailândia e o teste da África do Sul se deu por conta do risco de infecção – que é diferente nos dois países. Cientistas sabiam que a variedade que circulava no país africano era diferente da asiática – e, por isso, fizeram alterações na vacina. O problema é que o surto de HIV é muito menor na Tailândia do que na África do Sul: em 2018, um em cada cinco sul-africanos adultos entre 15 e 49 anos convivia com o vírus. Isso pode ter contribuído para alterar os resultados.

“Ainda que esse seja um revés significativo, precisamos continuar a busca por uma vacina preventiva. As taxas de infecção por HIV, que continuam inabaláveis nessa região, precisam ser encaradas com mais urgência, e chamar a atenção global para investimentos em pesquisa”, disse Linda-Gail Bekker, representante da Sociedade Internacional de Aids. Não é barato conduzir uma pesquisa do tipo. Estima-se que o Uhambo tenha recebido investimento de pelo menos US$ 121 milhões.

Existem atualmente outros dois estudos que tentam encontrar uma vacina para o HIV na África do Sul. O primeiro (HTVN 705, conhecido como Imbokodo) vem sendo testado apenas em mulheres, e o segundo (HTVN 706, popularmente chamado de Mosaico), em homens cis e trans. Ambos devem terminar após 2021. Enquanto cientistas não encontram uma candidata eficaz o suficiente para assumir esse posto, preservativos e a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) – em que o indivíduo toma um comprimido diário para evitar infecção pelo vírus – seguem as formas mais populares de se evitar o contágio.

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