Donald Trump perderia no Corredor da Morte
64% dos condenados à morte votariam em Hillary. E quase metade deles é contra o fim da pena de morte.
San Quentin é o mais antigo e mais famoso presídio da Califórnia. Ele também abriga o maior dos Corredores da Morte nos Estados Unidos: 747 homens aguardam ali pela execução. A superestrutura tem clube de teatro, time de baseball e até um jornal produzido inteiramente pelos presos. Foi o San Quentin News que organizou uma eleição de brincadeira para saber a opinião dos internos sobre a presidência, a pena de morte e a mudança no processo de execução de presos.
Como nas eleições oficiais, o voto em San Quentin não era obrigatório. Mesmo assim, 107 condenados à morte participaram, e 504 dos demais presos também decidiram votar. Entre a população do Corredor da Morte, Donald Trump perdeu de lavada, com apenas 15% dos eleitores. Hillary Clinton ganhou 64% dos votos. Os 21% restantes foram divididos entre candidatos independentes.
Os eleitores tinham também a opção de preencher, à mão, uma opção que não estivesse disponível na cédula de votação. Bernie Sanders teve nove votos. Michelle Obama (que não é candidata) ganhou dois.
Na Califórnia, os presos ficam sem o direito de votar até saírem da liberdade condicional. Mas a maioria dos presos disse ao jornal que nunca tinha votado antes. O próprio editor executivo do San Quentin News, Arnulfo T. Garcia, que também é presidiário, disse que votou pela primeira vez quando estava na lista de procurados e fugiu para o México. Lá, participou das eleições presidenciais e sentiu um certo “poder” ao votar. Surgiu assim a ideia das eleições na prisão.
Apesar de não ter valor estatístico, a brincadeira dá alguns insights da opinião dos presos sobre a sua própria condição. Além da presidência, os cidadãos da Califórnia deram sua opinião sobre quatro propostas de lei. Uma delas, a P.64, legaliza a maconha no estado. A P.57 propõe a reforma do sistema prisional. Por último, duas propostas falam diretamente sobre a pena de morte: a P.62 quer abolir as execuções, enquanto a P.66 quer acelerar o processo para reduzir os custos com o corredor da morte.
Entre os presos em geral, 87% era a favor do fim da pena de morte. Já no próprio Corredor da Morte, esse número caiu para 57% – quase metade dos condenados não quer o fim das execuções.
Essa disparidade pode ter relação com a P.62 em si. Se a proposta for aprovada, as penas dos homens no Corredor se transformam automaticamente em prisão perpétua, o que pode não agradar muitos deles.
A rejeição à P.66 é maior: 67% dos condenados à morte votaram contra e o número chega a quase 80% entre os presos comuns. Ou seja: pode manter a injeção letal, mas também não precisa ter pressa.