Galinhas criadas soltas estão se machucando nos EUA
Grandes redes de restaurante se comprometeram a dar uma criação mais "humana" às aves - mas o tiro está saindo pela culatra.
Se você usa a internet há tempo suficiente, com certeza já se deparou com vídeos sobre as condições em que galinhas botadeiras e frangos são mantidos. Para promover uma criação mais humana, uma série de restaurantes americanos se comprometeu a mudar, na próxima década, a forma de criar os animais.
Só que um surto de fraturas tomou os galinheiros que adotaram a prática cage-free. Nela, são dispensadas as apertadas gaiolas. As galinhas ficam livres para caminhar pelo aviário – o que, segundo ativistas, já aumenta seu bem estar. Porém, os espaços são fechados, não muito grandes e ficam cheios. Resultado: as galinhas, obviamente, se trombam.
Mas o problema vai além de simples acidentes de percurso. Em colisões como essa ou outros traumas leves, até 86% das galinhas estão sofrendo fraturas na carena, ou quilha, o osso grudado no esterno onde ficam conectadas as asas.
Segundo a revista Popular Science, tudo indica que os ossos das galinhas estão fracos demais para esse novo estilo de vida. As aves atuais já foram selecionadas há anos para ter o peito maior e mais pesado, mesmo entre as poedeiras. Elas também perdem um pouco de cálcio dos ossos a cada ovo botado.
Mais importante, porém, é como elas passam a juventude. A transição para a “criação livre” já está em curso para galinhas adultas, mas as empresas estão longe de estar preparadas para criar galinhas em espaços abertos em todas as fases da vida.
Por isso, pintinhos não são criados em amplas granjas para correr, pular, testar as asas. Com isso, não desenvolvem as melhores habilidades físicas e cognitivas – o que resulta em ossos mais frágeis e trombadas mais frequentes.
Como resolver o problema? O ideal seria reduzir o número de galinhas por m2 nesses locais, como regra. Mas aí a discussão é a mesma dos orgânicos: se todo mundo produzir assim, a indústria de frango e ovo teria grande dificuldades de abastecer toda a população.
É por isso que os granjeiros estão procurando a ajuda da ciência e da inovação. A Fundação de Pesquisa para Comida e Agricultura, uma organização federal americana, está oferecendo US$ 1 milhão em financiamento de pesquisa para quem apresentar ideias promissoras para resolver o surto das fraturas aviárias.
Vale tudo: de suplementos alimentares até engenharia genética, passando por novidades arquitetônicas que tornem os aviários mais seguros e confortáveis. Se tiver alguma ideia, se apresse, as inscrições começam em junho.