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Hospital cobra R$ 2.000 por um Band-Aid

Se você fizer um pequeno corte no dedo ou tiver um derrame nos EUA, vai pagar o mesmo valor na emergência do hospital.

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 13 jun 2016, 15h30

Connecticut, Estados Unidos. Sem querer, uma mãe machuca o dedo mindinho da filha de 1 ano. Apavorada, ela e o marido saem correndo com a pequena para o hospital, onde um médico acalma a família. Ele explica que o dedinho só sangra tanto porque ali correm muitas veias capilares, lava o ferimento, coloca um Band-Aid e pronto – foram, no máximo, cinco minutos de consulta. Mas, um mês depois, a conta da consulta deu um susto no casal: o valor cobrado era de 629 dólares – algo em torno de de 2 mil reais. E olha que o plano de saúde deles deu uma certa aliviada no preço, deixando tudo pela pechincha de 440 dólares (quase 1400 reais). Doeu, né?

O pai da família, Malcom Bird, enviou uma carta para o diretor do hospital, perguntando como é que cinco minutos de atenção médica e um Band-Aid poderiam ser tão caros – o valor é equivalente à remoção de uma pedra nos rins, por exemplo. A resposta foi curta e grossa: o Band-Aid custava US$7; os 622 dólares restantes eram uma taxa básica da emergência hospitalar que cobria a recepção, o atendimento e a consulta. Segundo o diretor, é de praxe que todos os pacientes que passam pelo hospital paguem esse valor mínimo – seja por um problema simples, como um pequeno corte no dedo, ou um derrame.

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Pode parecer loucura, mas o estabelecimento que arrancou o couro de Malcom não é o único nos Estados Unidos a fazer isso. É que, por lá, o sistema de saúde público é muito diferente daqui – ele não é universal. O governo dos EUA cuida da contenção de epidemias, mas só banca a saúde de seus habitantes em três situações: se a pessoa for muito pobre (por meio do programa Medicaid), se for um veterano de guerra (Veterans Affairs) ou se for mais velho do que 65 anos e tiver pago impostos por pelo menos 10 anos (Medicare). 

Os três programas juntos atendem mais de 100 milhões de habitantes do país, de um total de 330 milhões. Ou seja: cerca de 230 milhões de pessoas ficam de fora da cobertura do sistema de saúde público nos EUA. Por isso, existem centenas de planos de saúde privados. Alguns, como o de Malcom, cobrem uma pequena parte do tratamento; outros, mais caros, cobrem mais. Em 2010, o presidente Barack Obama sancionou uma lei que regulava os planos de saúde, proibindo-os de variar o preço com base no histórico clínico de uma pessoa ou no seu sexo – a reforma ficou conehcida como Obamacare. Por outro lado, a lei também obriga todos os americanos e a terem plano de saúde – a multa para quem não tiver é de 695 dólares.

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Como grande parte da população não está coberta pelo sistema público de saúde, acontecem coisas como a “taxa básica da emergência”, que foi cobrada da família de Malcom. Essa taxa existe mesmo em todos os hospitais dos EUA – mas ela é arbitrária: pode ser determinada pelo próprio estabelecimento e varia de US$15 a mil dólares (o valor depende do estabelecimento, dos equipamentos disponíveis, do staff e dos profissionais médicos). O problema é que essa taxa raramente está explícita: a pessoa só sabe que vai trocar um rim por um Band-Aid no final do mês, quando a conta chega.

No Brasil, a coisa é diferente: desde 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) é pago por todos, a partir dos impostos. Assim, atendimentos como o da família de Malcom se tornam “gratuitos”. 

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