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Itália e Suíça vão redefinir fronteiras por causa do derretimento dos Alpes

Entenda como os países chegaram a um acordo sobre os arredores do monte Matterhorn – e veja a situação em que algumas geleiras da região se encontram.

Por Eduardo Lima
1 out 2024, 16h00

Na última sexta (27), a Suíça formalizou a assinatura de um tratado com a Itália para redefinir a fronteira entre os dois países. O motivo é a crise climática, que tem acelerado o derretimento das geleiras nos Alpes. Acontece que parte das linhas por ali eram definidas pedaços de gelo que, hoje, já não existem mais.

Os dois países não precisaram de uma guerra para redefinir suas fronteiras, como é o modus operandi europeu. A mudança sutil foi de comum acordo das duas partes e foi proposta num acordo de maio de 2023 (a Itália ainda precisa assinar a sua parte, porém). Ela envolve o monte Matterhorn, um dos mais altos da Europa e talvez o mais famoso dos Alpes, com 4.478 metros de altura.

Essa montanha atravessa tanto a região Zermatt, na Suíça, como o vale Aosta, na Itália. A fronteira, em algumas partes, era demarcada pelas cristas das geleiras, ou por “neve perpétua” (que, acreditava-se, jamais iria derreter). Agora, com o aumento da temperatura global e os glaciares da Europa encolhendo em velocidade acelerada, estamos descobrindo que nenhuma neve é realmente perpétua.

Derretimento de geleiras é perigo para a vida

Quando a geleira derrete e diminui, a linha de cume da montanha pode mudar de lugar. A fronteira, que era definida por ela, também acaba andando junto, e isso causou uma discordância de anos sobre o território para os dois países. Olha onde fica o Matterhorn, para ter uma ideia:

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Captura de tela do Google Maps apontando a localização do Monte Matterhorn.
(Google Maps/Reprodução)

Para decidir como ficaria a fronteira redefinida, os italianos e os suíços concordaram em baseá-la levando em conta alguns pontos turísticos da região como marcos, como Plateau Rosa, Testa Grigia e Gobba di Rollin. A negociação se baseou nos interesses econômicos dos dois países, de acordo com reportagem da Bloomberg.

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As geleiras suíças perderam 4% de seu volume em 2023, a segunda maior queda em um único ano. Só não superou o de 2022, quando as geleiras encolheram 6%.

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Em algumas das geleiras, os especialistas simplesmente pararam de medir o gelo – porque já não há mais nada.

Em julho de 2023, o derretimento de uma geleira perto do Matterhorn revelou o corpo de um escalador alemão que desapareceu na região em 1986, quase 40 anos atrás.

Já em 2022, o colapso de uma parte da geleira Marmolada, do lado italiano, matou 11 pessoas. Ela é a maior montanha das Dolomitas, uma cadeia montanhosa dos Alpes, e sua parte de gelo pode derreter completamente até 2040. 

Essa geleira, que é medida desde 1902 e perdeu metade de seu volume nos últimos 25 anos, é muitas vezes chamada de “termômetro natural” da mudança climática, porque mostra os efeitos de derretimento de mais de um século de ação humana.

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