Monarquia inglesa colocou dinheiro em paraíso fiscal
Prática confidencial, e controversa, teria ajudado a rainha a pagar menos impostos
A revelação consta dos Paradise Papers, um pacote com 13,4 milhões de documentos obtido nesta semana pelo jornal Suddeutsche Zeitung, o maior da Alemanha. A rainha controla o Ducado de Lancaster, uma entidade que foi fundada em 1399 com o objetivo de sustentar a monarquia – e, atualmente, possui patrimônio de 519 milhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 2,2 bilhões). Segundo os documentos, que detalham operações realizadas por pessoas e empresas em 19 paraísos ficais, o Ducado enviou dinheiro para fundos sediados nas Ilhas Cayman e teria se beneficiado com isso, ao não recolher os impostos estabelecidos pelas leis inglesas.
A transferência estaria ligada a um investimento na BrightHouse, uma rede de lojas de eletrodomésticos que é acusada de práticas comerciais ilegais (e foi condenada, no mês passado, a devolver dinheiro a quase 250 mil clientes). O Ducado é administrado por gestores financeiros, em tese sem o envolvimento direto da rainha Elizabeth II – que não se pronunciou sobre o caso.
Os Paradise Papers incluem os nomes de centenas de pessoas, como a cantora Madonna (que investiu em uma empresa de equipamentos médicos sediada nas Bermudas, um paraíso fiscal), o cantor Bono Vox (que enviou dinheiro para Malta com a intenção de financiar um shopping center na Lituânia), a Rainha da Jordânia, três ex-primeiros-ministros do Canadá, os ministros brasileiros Blairo Maggi e Henrique Meirelles e 12 membros do governo Trump.