Sujo e apertado: veja onde viviam os funcionários que fabricavam o iPhone 6
Dormitório tinha um banheiro para cada 40 operários, que trabalhavam 12 horas por dia - mais tempo do que dura a bateria do celular da Apple.
A Apple vendeu mais de 20 milhões de unidades do iPhone 6 desde o seu lançamento. Metade delas foram fabricadas pela Pegatron, uma empresa de Taiwan baseada em Xangai, que tinha 6 mil funcionários trabalhando para montar os aparelhos reluzentes. Mas quando a empresa permitiu que jornalistas visitassem onde os operários viviam, o espaço estava longe de ter a elegância de um iPhone.
O jornal inglês Daily Mail visitou o Kangqiao Road East, domitório de quatro andares que foi esvaziado em fevereiro de 2016, quando o volume de trabalho da Pegatron diminuiu. Até esse momento, quase 3 mil pessoas viviam lá. Eram mais de 600 por andar, e 12 apertadas em cada quarto, dormindo em beliches. As instalações eram todas adaptadas a partir de uma antiga fábrica.
Se a Apple gosta de produtos com design clean, as paredes mofadas do dormitório contam outra história. O banheiro abandonado tem poças de água verde e cubículos que davam para um esgoto aberto ao invés de privadas. Privacidade no banho? Nem pensar. Os chuveiros coletivos eram planejados para que até 20 trabalhadores tomassem banho por vez.
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Um membro da Patrulha do Trabalho na China, uma organização que investiga más condições de emprego, se infiltrou na Pegatron e morou por dez dias no complexo. Segundo ele, os quartos eram úmidos e passaram por surtos de percevejos. Na época, metade do banheiro estava interditada, deixando, na prática, um cubículo para cada 40 trabalhadores. Nos horários de pico – pela manhã ou depois da jornada de trabalho – as filas nos chuveiros, banheiros e pias eram gigantescas.
Morar nessas condições, trabalhando 12 horas por dia e ganhando cerca de 1300 reais ao mês já parece um quadro bastante ruim. Mas fica pior: os funcionários precisavam pagar aluguel pela moradia. Só por um pedaço da beliche, o desconto mensal no salário era de quase 100 reais.
A Pegatron se defendeu, afirmando que o dormitório só chegou ao estado péssimo visto pelos jornalistas depois que o complexo foi fechado. Antes, cada quarto tinha “só” 8 pessoas, água quente o tempo todo, serviço de segurança, faxina 6 vezes na semana e ar condicionado. Confira o vídeo abaixo e veja se dá para imaginar esse “padrão de qualidade”:
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