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Trump dá um passo decisivo para tornar os EUA um país medíocre

Não é só o meio-ambiente: a energia limpa funciona como um dos maiores motores da economia. Desprezá-la é rasgar dinheiro.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
2 jun 2017, 19h02

Trump, você sabe, anunciou que os EUA estão fora do Acordo de Paris, o compromisso que 195 países tinham assinado em 2015, comprometendo-se a reduzir a emissão de gases-estufa entre 26% e 28% até 2025.

Na prática, muda o seguinte. Para cortar as emissões de seu país em mais de um quarto, como manda o acordo, você, governante, precisa estimular a substituição dos combustíveis fósseis por alternativas limpas. Tais estímulos consistem basicamente em subsídios para quem produz energia solar, eólica, hidrelétrica. Quem produz energia limpa paga menos imposto; quem produz suja, paga mais. Em última instância, trata-se de canalizar dinheiro público para cortar as emissões de CO2. Todos os países do mundo concordaram em fazer isso – só ficaram de fora a Síria, que não foi convidada para a conferência parisiense por conta das atrocidades de Assad, e a Nicarágua, que, exigia um corte bem maior nas emissões (e não assinou para se rebelar). Como a Síria teria assinado se fossse chamada para o baile e a Nicarágua é radicalmente contra as emissões, temos que os EUA estão sozinhos.

Trump apertou o f…da-se. E não só para o resto do mundo, mas para os EUA também. Sua atitude, afinal, não é só uma ameaça ao futuro do clima. Ela também é um péssimo indício para a própria economia americana.

Isso porque o ambiente econômico da energia limpa é bem mais complexo que o da energia suja. Quanto mais “complexa” é uma economia, maior a variedade de produtos e serviços que surgem dessa economia.

A economia do Brasil, por exemplo, é pouco complexa. Nossos maiores produtos de exportação são soja (cerca de US$ 20 bilhões por ano), minério de ferro (US$ 15 bi), petróleo (US$ 12 bi), açúcar (US$ 8 bi) e carne (US$ 6 bi). Temos aí US$ 61 bilhões. Tudo em matéria prima, produto cru, sem valor agregado. Só em aviões, os EUA exportam US$ 65 bilhões/ano. Um avião movimenta basicamente todos os ramos da economia, que fornecem da borracha dos pneus dos trens de pouso ao software da cabine de comando. Uma montanha de soja, por outro lado, movimenta basicamente nada. Economias complexas produzem aviões, carros, painéis solares. Economias simples fazem soja, petróleo, carvão.

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Bom, a redução forçada nas emissões de gases estufa tem funcionado como um “complexador” de economias. Um sistema que use painéis solares instalados nos tetos das casas para alimentar a rede elétrica, por exemplo, envolve bem mais elementos do que um sistema de distribuição de energia centralizado numa usina a carvão – e várias cidades dos EUA têm adotado o primeiro modelo, em que consumidores vendem seu excedente de energia solar para a rede.

O próprio conceito de economia complexa foi o que enriqueceu os EUA. No século 17, enquanto o Brasil produzia quase que exclusivamente açúcar para exportação, enriquecendo meia dúzia de latifundiários, as colônias britânicas que dariam origem aos Estados Unidos produziam navios para exportação. E enriqueciam milhares de colonos, já que um navio movimenta mais a economia que uma montanha de açúcar. Por essas, aliás, os EUA chegaram onde chegaram, e nós acabamos onde estamos.

Ao dar uma bundada na energia limpa, Trump joga no lixo a própria história dos EUA. E coloca seu país numa trilha que o Brasil conhece bem: a trilha do atraso, da concentração de renda, da burrice. A trilha da mediocridade.

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