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A arte de imprimir revistas

Poucas atividades industriais são ao mesmo tempo tão complexas, minuciosas e fascinantes como as que se cumprem numa grande gráfica. Cuidados de artesão e recursos de informática se juntam na impressão de SUPERINTERESSANTE.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 31 ago 1989, 22h00

Lúcia Helena de Oliveira

Hoje os editores não pedem algo ’se possível’. Eles logo ordenam ’façam’, porque sabem que conseguimos coisas que eram impossíveis. O comentário, entre orgulhoso e divertido, é do administrador Antonio Guedes, um dos supervisores da Gráfica da Editora Abril, ao receber uma pasta de originais, como é chamado o conjunto de textos e ilustrações que formará uma página de revista. Sua observação foi provocada pelas anotações que acompanhavam duas fotos – a de uma minilancha para crianças e a de outra, bem maior e mais potente, para adultos. O editor de arte, autor das anotações, havia rabiscado seu desejo com toda clareza: ele queria que as lanchas aparecessem juntas em uma praia. Há não muito tempo, um gráfico que se prezasse simplesmente desconheceria o pedido impertinente, pois o resultado seria tão desastroso como colar o rosto de Luíza Brunet no corpo de Maguila. Hoje em dia, porém, consegue-se o que era impossível, como diria o supervisor Guedes, e o resultado com toda a probabilidade será uma montagem perfeita, imperceptível mesmo ao mais atento dos leitores.

Proezas como essa são feitas por computadores, incorporados ao cenário dos modernos parques gráficos, como o da Abril, em São Paulo, onde são impressas 160 publicações diferentes, entre elas SUPERINTERESSANTE. A atividade ali, no entanto, está longe de ser governada por máquinas. O que permite imprimir revistas as mais diversas, na forma e no conteúdo, obedecendo a exigentes demandas de qualidade, é algo que torna a indústria gráfica um ramo sedutor até para o mais empedernido profissional – o casamento de avançados equipamentos da Informática com um trabalho tipicamente artesanal.

A sintonia dessa parceria sui generis é percebida já na primeira, mais demorada e mais importante etapa do processo gráfico, o qual é descrito a seguir. O ponto de partida é a fase de preparação, na qual os originais devem acabar reproduzidos em formas para as impressoras. Na preparação, as fotos e ilustrações, ou cromos, no jargão da indústria, seguem para a seleção de cores. Nesse processo, aquilo que era uma única imagem colorida se transforma em quatro filmes positivos em preto e branco, cada um com áreas acinzentadas ligeiramente diferentes.

A seleção parece multiplicar, mas na realidade é o inverso – ou seja, ela divide as cores. Cada filme corresponde, respectivamente, às cores ciano (azul), magenta, amarelo e preto, que permanecerão separadas durante todo o processo gráfico, mesmo na máquina (e impressão, só voltando a se juntar sobre o papel. Neste, microscópicos pontos, as retículas, criam a ilusão de estarem impressas incontáveis tonalidades. Assim, o vermelho que se vê na capa de SUPERINTERESSANTE são na realidade pontinhos magenta que, antes de alcançar o olho, cruzam com os raios luminosos refletidos pelos pontos amarelos.

Da mesma maneira, os raios do amarelo com os do ciano causam a sensação de cor verde; já a mistura de retículas magenta e ciano dá a impressão de cor violeta. No mundo da Física, cor é luz, ou seja, ondas eletromagnéticas de 400 a 700 milionésimos de milímetro de comprimento – qualquer variação nesse intervalo corresponde a uma tonalidade diferente. Mas no mundo da impressão o conceito de cor é outro: trata-se da capacidade de um pigmento de absorver certos raios e refletir aquele correspondente a sua cor. Isso acontece quando o pigmento recebe luz branca, que contém todas as cores.

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Teoricamente, a soma de ciano com magenta e amarelo seria o preto. Por isso, ciano e vermelho são chamados cores complementares, cuja combinação seria o preto, porque no vermelho já estariam o amarelo e o magenta. Também se complementam, causando um efeito de contraste quando impressas lado a lado, as cores magenta e verde ou amarelo e violeta. Na prática, porém, devido à qualidade variável dos pigmentos das tintas, com a mistura das três cores básicas acaba-se obtendo um marrom-escuro; por essa razão, o preto também precisa entrar na seleção de cores.

Na Editora Abril, a seleção convencional foi completamente abandonada no ano passado. Naquele processo os originais eram fotografados por uma máquina comum quatro vezes, cada uma com determinado filtro de luz, capaz de destacar determinada cor.

Atualmente, todas as 8 mil páginas mensais, sem exceção, preparadas na Gráfica passam pelos scanners – equipamentos eletrônicos dotados de dispositivos óticos que lêem a imagem nos originais, enquanto o filme é gravado por seis minúsculos feixes de laser. O ganho de tempo é notável: com o scanner as cores da capa de uma revista são selecionadas no máximo em 40 minutos, enquanto o processo convencional consome 8 horas até se obterem os filmes. Além disso, o equipamento faz correções – uma bênção dos céus para os técnicos.

“Com o scanner posso corrigir a iluminação de uma foto”, exemplifica o engenheiro químico Ângelo Longuini Neto, 33 anos de idade e dez de Abril, enquanto suas mãos encontram uma prova entre os cromos que se espalham sobre a mesa: uma bandeja de prata saiu em tons de cobre porque houve uma invasão de luz no instante em que o fotógrafo apertou o obturador da máquina. “Basta eu localizar um ponto branco que sirva de modelo”, explica Longuini, “e então ordeno ao scanner que traga todos os demais pontos da imagem para o nível dessa cor e adeus, amarelado.” O operador do scanner faz ajustes como esse com a mesma naturalidade de quem regula um aparelho de televisão. Mas para obter um bom resultado, ele precisa ter a sensibilidade de quem experimenta erros e acertos de impressão há muito tempo.

Correções mais complicadas, em todo caso, são encaminhadas ao Scitex,o complexo sistema responsável por mágicas como a de aproximar numa foto lanchas que nunca se cruzaram pelos mares. Os scanners mais modernos não chegam a tanto, mas criam automaticamente outra ilusão ótica, que pretende melhorar a própria realidade. Ao se observar o filme exposto ao laser do scanner, nota-se um contorno nas áreas pretas ou escuras, como se alguém tivesse feito ali um finíssimo traço de lápis. O contorno também aparece nas formas muito claras – dessa vez, é branco. Pois sempre que os sensores óticos da máquina saem de uma área de preto – que possui mais de 90 por cento de pontos enegrecidos – o scanner dá um impulso elétrico que faz o laser gerar 100 por cento dos pontos, imediatamente antes de passar para a área clara.

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“Isso não se percebe a olho nu quando se vê uma página impressa, mas causa uma diferença de nitidez incrível”, nota Antonio Guedes, especialista em fotorreprodução com vinte anos de Abril. Quando é o inverso, a passagem de uma área clara para uma área escura, o laser não grava ponto algum e, após a impressão, obtém-se uma finíssima linha de papel exposto ou sem tinta. Isso porque qualquer branco que apareça numa fotografia impressa tem sempre um pouco de cor, cerca de dez retículas em cada cem, misturando as quatro cores. Pode-se notar, por exemplo, que a foto da vela de um barco, embora toda branca à primeira vista, sob um olhar mais atento está amarelada ou acinzentada numa região de sombra.

O motivo é que nessas áreas foi impressa uma proporção maior de retícula em determinada cor. Aliás, é justamente para criar nuances que uma imagem precisa ser fragmentada antes de ser impressa. Do contrário, após passar pela impressora, o papel só estaria coberto por manchas compactas das quatro cores básicas. A retícula, porém, possui uma angulação diferente conforme a cor. A razão disso, segundo o físico João Mongelli Neto, da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec), é simples: a própria luz branca, ao atravessar um prisma e se decompor em cores feito um arco-íris, mostra que os raios de cada nuance têm a sua própria inclinação.

“Quando duas tonalidades chegam ao olho com o mesmo ângulo”, explica o físico, “não se consegue distingui-las e o resultado é uma sensação de acinzentamento”. Duas cores impressas com a mesma inclinação produzem o chamado efeito moiré, ondulado em francês. Para evitar esse ou qualquer outro efeito indesejável, após se juntarem textos e imagens em um único filme positivo para cada cor, é feita uma prova. Uma película sensível sobre o papel – o cromalin – é exposta em luz ultravioleta ao filme de uma das cores; as regiões em que a tinta deverá ser impressa permanecerão viscosas.

Dessa maneira, tais áreas provocam a aderência de um pigmento seco. O processo é repetido com todas as cores, que se sobrepõem. Atualmente, nos Estados Unidos, está sendo desenvolvido um equipamento capaz de realizar provas similares assim que os originais passam pela seleção e correções do scanner – desse modo, não é preciso estar com os filmes nas mãos para perceber se algo deu errado.Quando todos os cromalins são aprovados, os filmes são colados com fitas adesivas sobre uma base transparente. É a montagem. A partir dessa imensa folha de plástico, sobre a qual os filmes das páginas ficam dispostos numa ordem sem sentido para leigos, ou seja, de acordo com uma das centenas de fórmulas que possuem as dobradeiras da impressora, é que são feitas as fôrmas de impressão.

A gravação eletromecânica, que atende pelo arrevesado nome helio-klischograph, é a técnica mais moderna de preparar as fôrmas ou matrizes para a impressão em rotogravura.Trata-se de um processo em baixo-relevo, em que enormes cilindros, cobertos de cobre e pesando cerca de 700 quilos, ficam parcialmente mergulhados em recipientes chamados tinteiros. A medida que os cilindros giram, a tinta penetra em pequenas cavidades e, em seguida, passa para o papel que corre por cima. É preciso, naturalmente, um cilindro para cada cor. Por ser de ferro, metal que não se combina com o cobre, o tratamento químico de um cilindro começa com um banho de níquel.

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“O níquel adere tanto ao ferro quanto ao cobre e, dessa forma, faz o papel de intermediário entre eles”, explica o químico Sérgio Massaro, da Universidade de São Paulo. O cilindro é então mergulhado numa substância que o torna uma espécie de pólo negativo. Com isso, quando o cobre é despejado no tanque onde o cilindro toma banho, o metal, por ter uma carga elétrica positiva, acaba sendo atraído e se deposita uniformemente pela matriz. Segundo Massaro, é um processo semelhante ao que se usa para folhear bijuterias com ouro. “A dificuldade”, ressalva o professor, “é que muitas, vezes o resultado não é perfeito”.

Os gráficos não desconhecem o risco de se formarem bolhas ou ondulações na superfície do cilindro, para mal do produto impresso. Tanto que, até há pouco tempo, a camada de cobre não tinha mais que milésimos de milímetro, sendo chamada camisa, porque era destacada após a impressão. Hoje, prefere-se aplicar uma camada bem mais grossa de metal, evitando os defeitos provocados pela espessura delicada da camisa. Quando o cilindro vai ser reutilizado, a gravação anterior é apagada por um diamante que gira, lixando a superfície. A gravação também é feita por um diamante. Uma cópia em papel especial (opaline) do filme (fotolito) é colocada sobre um tambor de análise que transforma a intensidade da luz refletida pelo papel em impulsos elétricos. Esses impulsos fazem vibrar o diamante.

Nas áreas que devem sair mais escuras ou com mais tinta, o diamante penetra mais profundamente, criando um alvéolo maior, com formato de pirâmide invertida. As áreas claras, por sua vez, fazem o diamante entrar menos no cobre, gerando uma cavidade menor, que logicamente passará menos tinta ao papel. “A velocidade da gravação é incrível”, comenta o técnico Daniel Gonçalves. “O diamante faz 3 600 cavidades por segundo e o cilindro fica pronto em cerca de hora e meia.” Pronto, nem sempre – e o próprio Daniel é quem mais sabe disso. Afinal, sua função na Gráfica é supervisionar uma equipe que faz retoques nas matrizes, quando necessário.

Isto é, após uma prova de impressão, ainda se pode aumentar ou diminuir os alvéolos, aplicando-lhes substâncias especiais. O processo de rotogravura, no entanto, tem sido usado apenas para imprimir as páginas das revistas – o miolo, como as designam os profissionais da área. As capas passam pelo processo de offset, em que não existe relevo. A imagem do fotolito, neste caso, é reproduzida em uma chapa de alumínio sensibilizada, que depois é fixada sobre o rolo da impressora. Então, as áreas de grafismo (qualquer coisa a ser impressa), em que se deve imprimir determinada cor, são cobertas por uma tinta preta de asfalto, substância bastante gordurosa.

Não é por acaso: o offset funciona justamente baseando-se na repulsão química entre água e gordura. Na máquina, a chapa é molhada com água em primeiro lugar; graças à repulsão à gordura, o líquido permanece apenas sobre as áreas sem tinta preta. Em seguida, passa um rolo com a tinta de impressão, que também é gordurosa; por não ocupar o espaço de sua antagonista – a água -, a tinta acaba ficando apenas nas áreas de imagem. A seguir, ela é passada para outro rolo de borracha, pressionado sobre a matriz. A borracha, carimbada com a imagem, imprimirá a cor ao papel — e porque é assim, indireto, o processo se chama offset, em inglês, fora de lugar.

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“Minha função não tem graça”, brinca Cláudio Baroni, gerente de impressão na Gráfica da Abril. “Só tenho de transferir a tinta da fôrma de impressão para o papel.” Mas, a sério, reconhece: “Existem muitas variáveis que podem liquidar o trabalho de preparação. A beleza do processo é conseguir equilibrá-las”. O próprio fato de ser o papel um produto elástico, cujas dimensões mudam até conforme a umidade do ambiente, é um dado fundamental. Ao receber a tinta, o papel se expande; quando ela seca, encolhe. Esse vai-e-vem pode fazer com que a imagem de um fotolito, correspondente a certa cor, não seja impressa exatamente sobre outra. É quando a impressão sai de registro, como dizem os gráficos.

“Basta meio milímetro de diferença para o olho humano captar o problema”, informa Baroni. “É claro que muita gente não consegue identificá-lo direito e acha que o fotógrafo trabalhou fora do foco.” Atualmente, com o avanço da tecnologia gráfica, o registro é controlado por sensores óticos situados precisamente no ponto onde o papel apresenta uma marca -um pequeno triângulo para cada cor.Quando o sensor não lê a marca -sinal de que ela mudou de lugar -,um computador corrige a posição do papel. Outro problema é acertar a tinta, e aí se conta com o bom senso do profissional.

Para reproduzir exatamente os filmes, com todos os detalhes de nuances, é preciso que as quatro tintas tenham a mesma intensidade. Caso contrário, uma se destacará mais do que outra, alterando os tons programados pelo pessoal da preparação. Para fazer esse equilíbrio, o gráfico mistura verniz à tinta mais forte – um serviço que merece toda a atenção. Doses exageradas de verniz nas tintas acabam criando uma impressão fraca, que deixa as imagens lavadas. “É como uma cadeira bamba em que se precisa serrar o pé maior”, compara Baroni. “Se eu cortar demais, acabo com um pé mais curto e tenho de acenar os outros três. Nessa brincadeira de cortar, posso terminar sem a cadeira”, previne-se.

A grande frustração de Baroni é haver cores que a impressão não consegue reproduzir. “Muitas vezes se pode usar uma tinta especial, preparando-se uma quinta matriz de impressão”, explica Flávio Botana, supervisor técnico da Gráfica. “No entanto, há limitações: cores especiais não podem ser aplicadas em fotografias, por exemplo.” Botana recorda o caso de um folheto publicitário, cujo cliente não gostou de certo tom de vermelho. Não havia quem o convencesse da impossibilidade de imprimir o vermelho-cardeal que desejava. Exasperado, o cidadão perguntou a Botana, encarregado de lhe dar as explicações técnicas, qual era o seu nome. E emendou: “Você se chama Flávio. Gostaria que eu lhe chamasse de Antonio? Pois é a mesma coisa com o meu vermelho”. Mas é assim: ao contrário dos nomes, as cores às vezes não são as mesmas após a impressão.

Das máquinas impressoras, as revistas seguem já dobradas para a etapa do acabamento. Máquinas velozes colocam os cadernos um sobre o outro, como em uma sela; finalmente, a capa cai da máquina antes de as folhas serem mordidas por um grampo de arame. Uma lâmina corta as beiradas. O gerente do setor, Luiz Bonásio, conta que ali também surgem inovações tecnológicas. Uma de suas últimas aquisições, uma máquina que, além de fazer todo o acabamento, está ligada a um computador, é capaz de realizar gravações a laser. “Será o fim da etiqueta adesiva com o nome do assinante”, prevê Bonásio. Os equipamentos mais modernos, enfim, empilham e amarram o pacote de revistas que chegará às bancas e aos assinantes. Boa leitura.

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Para saber mais:

Gutenberg, primeiras impressões

(SUPER número 9, ano 3)

Espelho digital

(SUPER número 1, ano 9)

Um milhão de exemplares por dia

Numa área de 54 mil metros quadrados, na avenida Otaviano Alves de Lima, zona norte de São Paulo, só existe o silêncio entre as 6 horas da manhã de domingo e o amanhecer de segunda-feira, quando a Gráfica da Editora Abril não funciona – se o serviço estiver em dia. No resto da semana, as máquinas não param, 2200 funcionários se revezam em turnos, os supervisores levam para casa aparelhos bip, como os médicos, para qualquer emergência. Nesse parque gráfico, o maior da América Latina, o volume de trabalho se reflete em números extraordinários: todos os meses são consumidos ali 5500 toneladas de papel, mais de 8 mil metros quadrados de filmes, 249 mil quilos de tinta, 9 mil quilos de cola, 4200 quilos de arame para grampear as revistas. Tudo isso para produzir 160 títulos diferentes, que totalizam em média cerca de 1 milhão de exemplares por dia. Desses, não mais de 3 por cento podem ter problemas de impressão. Diz o gerente de controle de qualidade, Ricardo Salamon: “Se o limite for ultrapassado, recomeçamos todo o serviço daquela edição”.

Mágicas do Scitex

No dia da foto, uma indisfarçável espinha surgiu no rosto da modelo. O problema foi resolvido pela habilidade de um engenheiro eletrônico unida à capacidade de um computador. Ao chegar à Gráfica, a foto da modelo foi encaminhada ao sistema Scitex, um complexo de três computadores, desenvolvido em Israel e considerado o que há de mais moderno em tecnologia gráfica. Primeiro, ele faz a seleção de cores com um scanner que, em vez de produzir filmes, grava as informações em um disco digital. Assim, a imagem chega à tela do segundo computador, em que o operador aperta teclas e transforma o que era espinha em um vazio.

“Falta um enxerto”, diz o engenheiro Edson Pinheiro, experimentando várias áreas do rosto no buraco criado, até encontrar a mesma coloração. As modificações gravadas passam para o terceiro computador, que enfim produz os quatro filmes para a impressão. Na Abril, desde janeiro do ano passado, o Scitex monta eletronicamente uma página, troca a roupa de uma modelo, altera a iluminação de fotos, cria sombras, funde imagens, muda cores. Também pode receber, via outro equipamento eletrônico, imagens de um acontecimento diretamente da rua para a impressão no mesmo dia.

No ritmo de Veja

Se uma publicação mensal pode levar na Gráfica cerca de três semanas entre a preparação dos originais e a impressão, uma página da revista semanal Veja, que começa a circular aos domingos, com 850 mil exemplares, deve ficar pronta em menos de 24 horas. Terça- feira à noite chegam ao scanner as primeiras matérias, que serão impressas já no dia seguinte. O esquema prossegue o resto da semana, até às 14 horas do sábado, quando a redação da revista envia os últimos originais. Nesse dia, todos os funcionários da Gráfica deixam de trabalhar com outras revistas, as cinco impressoras em rotogravuras passam a rodar Veja, enquanto no setor de acabamento aquele é o único momento em que se podem ver todas as máquinas operando, para dar conta de grampear mil exemplares a cada minuto.

Há situações, porém, que fogem ao controle dos prazos, como na final de futebol dos Jogos Olímpicos de Seul, às 7 horas da manhã de um sábado de julho do ano passado, quando todas as páginas em cores deviam estar prontas para a impressão. Mesmo assim, tudo parou à espera de uma fotografia que chegaria pelo Scitex, minutos após o juiz apitar o final da partida. É claro que naquele fim de semana o trabalho não terminou até o amanhecer de domingo, como de costume.

Segundo Carlos Alberto Martins, o Cacá, que coordena a produção da Gráfica, operações de emergência também podem ser acionadas para revistas mensais. É por uma dessas operações que ele exibe, feito troféu, numa moldura de acrílico, a capa de Quatro Rodas de agosto de 1987. Naquela edição, o furo de reportagem sobre o motor alemão Elko, que funciona com qualquer óleo, só foi possível por que a revista antecipou sua ida às bancas. Diz Cacá: “Embora mensal, Quatro Rodas correu a Gráfica no ritmo alucinante de Veja”.

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